O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

27 de setembro de 2016

Diretrizes gerais sobre eleições e votação

DIRETRIZES GERAIS SOBRE ELEIÇÕES E VOTAÇÃO
Provérbios 11.14

Pr. Gilson Soares dos Santos

14 Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.[1]

          Para encerrarmos nossa série de estudos sobre o cristão, a política e as eleições, traremos agora algumas diretrizes gerais sobre eleições e votação.

1_ Não confunda política com campanha eleitoral

          Quando começa a campanha eleitoral, é comum ouvirmos as pessoas dizendo: “começou a política”. Essa frase está errada, pois política acontece todo tempo. Embora a campanha eleitoral esteja dentro da política não devemos confundir.

          Campanha eleitoral é o período em que os partidos e seus candidatos se apresentam para os eleitores em busca de votos.

          Vejo crentes que passam os quatro anos sem falar de política, sem fazer qualquer exigência aos seus representantes, sem fazer nenhuma cobrança àqueles nos quais votaram, sem combater as injustiças sociais.  Porém, quando começa a campanha eleitoral se entregam, sem reservas, vestindo a camisa de candidatos, carregando suas bandeiras, adesivando seus carros, pulando em passeatas, carreatas e comícios. Insultando adversários políticos, levantando falsos testemunhos, mentindo. Trocando os cultos pelos comícios. Fazendo a maior tietagem com candidatos, sempre sob a alegação de que “crente deve participar da política”. Minha pergunta é: por que não participou durante três anos e 10 meses? Por que só participar agora?

         É bom que façamos essa distinção, pois política é muito maior que a campanha eleitoral que, na maioria das vezes, serve apenas para difamações, calúnias, falsos testemunhos e brigas de interesses pessoais.

          Não é que seja errado o crente participar da campanha eleitoral, porém, existe como fazer isto sem escandalizar, mantendo-se como “sal da terra e luz do mudo”.

2_ Vote com consciência

          Quando falamos em votar com consciência, queremos dizer o seguinte:

          a)_ Não venda seu voto

          Não vote em candidato ruim em troca de favores. Não aceite benefícios pessoais para dar seu voto ou angariar votos para candidatos que, já sabemos, não têm compromisso com a política certa e que beneficiarão uma minoria em detrimento da maioria. Candidatos que já exerceram mandato e comprovaram suas maldades. Também não vote em candidato que, mesmo não tendo exercido algum mandato, já dão provas que serão péssimos representantes do povo. Jamais venda seu voto, nem por dinheiro nem por favores. Alguém já disse que "voto não tem preço, tem consequências". Por isso, use sua consciência de cristão: jamais venda seu voto.

          b)_ Não vote em candidatos ou partidos com princípios anticristãos

          O verdadeiro crente não vota nem se filia a partidos que são contra a família e contra os princípios cristãos. Também não vota em candidatos que pregam contra a família, mantendo atitudes anticristãs. Mesmo que esses candidatos tenham propostas de ajuda aos pobres, pois de nada adianta tirar os pobres da situação de pobreza e em seguida acabar com seus valores morais e com suas famílias. Transcrevo aqui a orientação que nos traz Uziel Santana em seu livro “Um Cristão do Direito num País Torto”, a respeito de votar em partidos com programa de governo fechado:

Analisando o programa partidário, os projetos de governos e as resoluções das executivas nacionais dos principais partidos que disputam estas eleições, podemos, afirmar, in claris, que: se sou cristão e democrata, contrário, então, a políticas públicas abortistas, pró-cultura homossexual, de desvalorização da família natural, de cerceamento das liberdades civis fundamentais (como liberdade de expressão, liberdade religiosa, liberdade de comunicação e imprensa, etc), não posso votar em partidos de programas fechados. [...] porque, além de serem agremiações partidárias que promovem valores anticristãos, segundo estabelecido nos seus Estatutos, nos seus Programas de Governo e nas Resoluções das suas respectivas Executivas Nacionais, sob pena de consequente expulsão dos quadros partidários, todos os políticos membros desses partidos devem atuar, apoiando, promovendo e votando as políticas e ideologias partidárias, não importando a liberdade de consciência dos mandatários eleitos.[2].

          c)_ Dê prioridade a candidatos verdadeiramente cristãos

         Se você conhece um candidato, verdadeiramente cristão, preparado para a vida publica, é nesse que você deve votar. É bom lembrar que existem candidatos evangélicos, de bom testemunho, porém despreparado para assumir um mandato. Por isso, votar com consciência também exige que vejamos o testemunho e o preparo do nosso irmão.

          d)_ Não vote em falsos evangélicos

          Na época de campanha eleitoral surgem muitos candidatos dizendo-se evangélicos, porém são apenas nominais. Na verdade, têm péssimo testemunho, pregam aquilo que não vivem e, certamente, se chegarem ao poder contribuíram para escandalizar o evangelho. Não vote nessas pessoas. A Bíblia traz uma séria orientação a esse respeito em I Coríntios 5.11

11 Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.[3]

          e)_ Pode votar em candidato não evangélico

          Sabemos que existem candidatos que não são evangélicos, porem tem princípios que são apoiados pelas Sagradas Escrituras. Existem candidatos que, embora não sendo evangélicos, têm moral ilibada, zelam pelos valores da família, defendem uma sociedade com liberdade religiosa, etc. A Bíblia nos mostra reis que, mesmo não sendo crentes, exercitaram a boa política.

          Em defesa dessa posição, Wayne Grudem escreve:

Deus usou a Faraó, o rei do Egito, para elevar José a um cargo de autoridade sobre todo o país, de modo que ele pôde salvar seu povo da fome (Gn 41.37-57). Deus usou Nabucodonosor, rei da Babilônia, para proteger Daniel e seus amigos judeus e elevá-los a cargos de grande autoridade na Babilônia (Dn 2.46-49). Deus usou Ciro, rei da Pérsia, para levar os exilados judeus à sua terra natal (Ed 6.1-12). Deus usou Xerxes, rei da Pérsia, para elevar Ester à posição de rainha e dar a Mordecai grande autoridade e honra em seu reino (Et 6.10,11; 8.1,2,7-15).[4]

          f)_ Vote em candidato que você conheça e que seja acessível

          De preferência, vote em candidato que você conheça e que você tenha acesso para fazer-lhe as cobranças necessárias quando ele estiver no mandato. Afinal de contas, eles estão nos representando. Por isso precisamos saber como contatá-los a fim de cobrarmos que estejam agindo como verdadeiros representantes do povo. Candidato que, após ganhar as eleições, some e reaparece quatro anos depois, certamente não merece nosso voto, pois representante do povo deve estar junto ao povo. Observe esse detalhe.

          g)_ Não anule o voto nem vote em branco

          Quando não votamos, anulamos o voto ou votamos em branco, podemos cair no axioma do filósofo Edmund Burke: “Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada”. Tiago também deu o alerta: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4.17). Por isso vote. Não anule seu voto, não vote em branco.

3_ Ore antes de votar

          Sabemos que muita gente já tem seus candidatos certos. Sendo assim, muitos não oram antes de votar. Porém é preciso orar com sinceridade diante de Deus, pedindo orientação divina. A fim de votarmos certos. Orar antes de votar é semelhante à orientação de Jeremias aos cativos, conforme registrado em Jeremias 29.7:

7 Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz.[5].

          Assim como devemos orar pela prosperidade da cidade onde moramos, da mesma forma, devemos orar antes de votar naqueles que governarão em nossa cidade, em nosso estado ou no nosso país, a fim de que possamos ver a paz do lugar onde moramos.



[1]  SBB. Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. Pv 11.14.
[2]  SANTANA, Uziel. Um cristão do direito num país torto. Campina Grande: Visão Cristocêntrica. 2012. P. 323-324.
[3]  SBB. Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. I Co 5.11.
[4] GRUDEM, Wayne. Política segundo a Bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer. São Paulo: Vida Nova. 2014. P.95.
[5]  SBB. Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. Jr 29.7.

21 de setembro de 2016

Por que falar de política para a igreja

I – POR QUE FALAR DE POLÍTICA PARA A IGREJA?
Romanos 13.1-7

Pr. Gilson Soares dos Santos

1 Todo homem esteja sujeito as autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. 2 De modo que aquele que se opõe a autoridade resiste a ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. 3 Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, 4 visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. 5 É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. 6 Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. 7 Pagai a todos o que lhes e devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.[1]

          Talvez alguém ache estranho o fato de tratarmos sobre política na igreja. É normal que muitos reajam dessa maneira até que tenham um entendimento melhor sobre o assunto. É exatamente sobre isso que trataremos agora.

         Falaremos de política na igreja, pelas seguintes razões:

1.1_ A Bíblia fala de questões políticas

          Nas Sagradas Escrituras não encontramos a palavra “política”, pois esse é um termo que nasceu entre os gregos. Todavia, podemos encontrar assuntos que, certamente, estão relacionados ao que conhecemos hoje como “política”. Vejamos quando a Bíblia fala de assuntos políticos:

          a)_ Quando combate as injustiças sociais

          No texto de Amós 2.6,7a, encontramos o Senhor apresentando sua demanda contra as autoridades. Leiamos o texto:

6 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel e por quatro, não sustarei o castigo, porque os juízes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias. 7 Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome.[2].

          Comentando sobre isto D. A. Carson escreve:

Amós examina os pecados de Israel de uma perspectiva tanto social (6,7) quanto religiosa (7,8). Sua corrupção em relação aos justos, sua insensibilidade em relação aos mais pobres e sua voracidade em relação aos oprimidos são os fatos primeiramente descritos. 6 O justo, ou seja, alguém inocente perante a lei. Os juízes estavam abertos à corrupção (por dinheiro), veredictos eram vendidos por algo tão insignificante quanto um par de sandálias ou os casos trazidos à justiça eram tratados como se fossem questão tão insignificantes quanto um par de sandálias – tal era a cobiça nessa época.[3]

          No texto bíblico de Amós 8.4-6 é possível encontrarmos uma repetição da demanda de Deus contra Israel concernente às questões sociais, vejamos o texto:

4 Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra, 5 dizendo: Quando passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras, 6 para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sandálias e vendermos o refugo do trigo?[4]

          Sobre isto Champlin escreve:

Além de barganhar com toda a espécie de produtos, eles negociavam com seres humanos, no comércio escravocrata, tanto local quanto internacional. Os seres humanos, nesse comércio, custavam bem pouco: um par de sandálias podia comprar um escravo e até um pouco de trigo relativamente inútil, como aquele varrido do chão (NCV). O sofrimento e os sentimentos humanos nada significavam para aquelas feras humanas.[5].

          b)_ Quando fala do poder das autoridades civis

          O texto que usamos para encabeçar este capítulo, isto é, Romanos 13.1-7 nos mostra, claramente, uma questão política: a autoridade do governo civil
          Comentando sobre isto, Wayne Grudem, em seu livro “Política Segundo a Bíblia”, defende que o texto está tratando de questões políticas:

As autoridades que exercem poder governamental foram ordenadas por Deus (v1,2). [...] O governo tem o papel de promover o bem geral da sociedade. Deve não apenas castigar a má conduta , mas também incentivar e recompensar a boa conduta, que contribui para o bem da sociedade. [...] Os funcionários do governo servem a Deus. Paulo diz que os governantes são servos de Deus “para o teu bem” (v4, cf. v6). [...] Essa passagem é forte corroboração para a ideia de que devemos ver o governo civil como uma dádiva de Deus. [6].

          De igual maneira, encontramos em I Pedro 2.13,14 uma exortação sobre a submissão às autoridades civis. Vejamos o texto:

13 Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, 14 quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem.[7]

          Comentando esse texto, D. A. Carson diz:

O bom comportamento deve ser expresso pela aceitação submissa das exigências de toda instituição humana. É admirável que Pedro, provavelmente escrevendo na época de Nero, ainda veja o Estado como designado por Deus para a manutenção dos valores morais.[8]

          c)_ Quando fala para orarmos pelas autoridades

          Quando abrimos nossas Bíblias em I Timóteo 2.1,2 encontramos um mandamento para que oremos pelos reis e por todas as demais autoridades. Isso quer dizer que precisamos orar pelos políticos, ou seja, por aqueles que exercem autoridade política. Vejamos o texto:

1 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, 2 em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito.[9].

          Carson faz o seguinte comentário sobre esse texto:

Paulo não somente está desejoso de incluir a todos, mas chama atenção especial aos que exercem autoridade. (2) O que é significativo é que Paulo não faz distinção entre os governantes justos e os que não o são. Ele considera que o cristão tem a responsabilidade de orar por aqueles cujos atos influenciam todos os cidadãos. Mas o propósito da oração é que os cristãos vivam vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito.[10].

          Poderíamos encontrar diversos outros textos nos quais a Bíblia trata sobre questões que, de alguma maneira, estão relacionadas à política. Mas os três pontos acima são suficientes para alicerçarmos, biblicamente, que a igreja precisa estar a par de assuntos políticos.

1.2_ Os reformadores trataram sobre questões políticas

          Nós, os congregacionais, temos raízes teológicas nas Sagradas Escrituras, isto é inegável. Porém, nossas raízes históricas estão na Reforma Protestante do Século 16. Sendo assim, é muito importante que observemos o que os Reformadores pregaram. No tocante às questões políticas, eles não foram omissos, também ensinaram ao povo.

          Franklin Ferreira, apresentando o Livro “Política Segundo a Bíblia”, da autoria de Wayne Grudem, expõe uma lista de Reformadores que escreveram sobre assuntos políticos. Vejamos:

          a)_ Martinho Lutero

          “Foi o primeiro dos reformadores a tratar do assunto, em sua obra Da autoridade secular, até que ponto se lhe deve obediência (1523)”[11].

          Podemos compreender, então, que Lutero não somente confrontou as questões religiosas do seu tempo, enfrentando o poder da Igreja Católica Apostólica Romana, mas também tratou de questões políticas, orientando o povo de Deus sobre até que ponto os crentes deveriam submissão às autoridades civis.

          b)_ João Calvino

          “Abordou a matéria nas Institutas da Religião Cristã (1559), ao tratar ‘da administração política’ (IV. XX)
          O Reformador João Calvino, em seu Livro IV das “Institutas da Religião Cristã”, deixa bem claro que, embora seu propósito maior seja escrever sobre a Doutrina Espiritual da Fé, é impelido pela necessidade a escrever sobre a justiça civil e a justiça exterior dos homens. Calvino foi outro dos Reformadores que buscou ensinar o povo de Deus sobre questões políticas.

          c)_ Martin Bucer

          No ano de 1551, outro Reformador Protestante chamado Martin Bucer, escreveu uma tratando que apresenta uma teologia do Estado, a saber, De Regno Christi (O Reino de Cristo).

          d)_ John Ponet

          John Ponet foi um protestante inglês, ele também escreveu um tratado sobre política: A Short Treatise of Political Power (Um breve tratado do poder político), no ano de 1556.

          e)_ Christopher Goodman

          Goodman escreveu a seguinte obra sobre política: How Superior Powers Ought to Be Obeyed of Their Subjects; and Wherein They May Lawfully by God´s Word Be Disobeyed and Resisted [Como poderes superiores devem ser obedecidos por seus súditos; e em que ponto ele spodem legitimamente, segundo a Palavra de Deus, ser obedecidos e resistidos] (1558).

          f)_ Francois Hotman

          François Hotman, por sua vez, ainda segundo Franklin Ferreira, escreveu: Franco-Gallia, Or, Na Account of the Ancient Free State of France, and Most Other Parts of Europe, Before the Loss of their Liberties [Francogália ou Um relato do antigo Estado livre da França e a maioria das outras partes da Europa, antes da perda da liberdade] (1573).

          g)_ Theodoro de Beza

          O sucessor de Calvino, Teodoro de Beza, escreveu: De Jure Magisterium [Do direito dos magistrados] (1574).

          Outros nomes de Reformadores são citados por Franklin Ferreira na apresentação da obra acima mencionada. Porém, esses já são suficientes para acreditarmos que os Reformadores não foram omissos na orientação à igreja, no tocante às questões políticas.

1.3_ Outros teólogos e escritores cristãos escreveram sobre política

          Além dos Reformadores, muitos outros teólogos e líderes cristãos trataram sobre o tema “política” em seus escritos. Ainda recorrendo a apresentação de Franklin Ferreira, no Livro “Política Segundo a Bíblia”, cujo autor é Wayne Grudem, podemos ter uma lista de homens de Deus que consideraram que a igreja precisa saber sobre questões políticas. Vejamos:

          a)_ Samuel Rutheford e Johannes Althusius

          “No período pós-reforma foram escritas duas obras influentes: Lex Rex [A lei é o rei] (1644), de Samuel Rutheford, e Política (1603), de Johannes Althusius, que tem ‘a distinção de ser uma das contribuições centrais para o pensamento político ocidental’”.[12]

          b)_ Outros nomes

          Muitos outros nomes de homens de Deus podem ser apresentados como orientadores dos crentes sobre política: Abraham Kuyper, Karl Barth, Emil Brunner, Reinhold Nieburh, etc.

1.4_ A política que não deve ter espaço na igreja

          Porém, é preciso que os pastores tenham muito quando no ensino sobre política na igreja. Eis alguns cuidados:

          a)_ Evitar campanha político-partidária

          O Código de Ética do Ministro Congregacional, no item que trata sobre “O Ministro e a Política”, traz a seguinte orientação: “1- O Ministro deve evitar se envolver ativamente em campanha político-partidária. 2 – O Ministro não deve manifestar no púlpito de sua Igreja suas preferências eleitorais.”[13].
          É certo que o pastor vota. Também é certo que, na maioria das vezes, o pastor já tem seu candidato escolhido, porém, não é certo que ele se envolva ativamente em campanha a favor de candidato A, B ou C. Em hipótese alguma deve usar o púlpito com essa finalidade.

          b)_ Não ceder o púlpito para campanha política

          Outro tipo de política não cabível na igreja é aquela que cede o púlpito para que candidatos possam fazer qualquer tipo de saudação, mesmo que seja candidatos evangélicos.
          O Código de Ética do Ministro Congregacional, no mesmo item que trata sobre “O Ministro e a Política”, alerta a respeito disso: “O Ministro não deve ceder o púlpito de sua igreja para a realização de campanha política”.[14].

          c)_ Não ceder o púlpito para líderes de movimentos populares

          Procurando esquivar-se de tratar diretamente de temas políticos na igreja, alguns pastores podem ser tentados a levar para os púlpitos de suas igrejas líderes de movimentos populares, julgando com isso prestar um favor à igreja no que concerne a assuntos políticos. Porém, essa não é a maneira correta de orientar a igreja sobre política. O pastor deve se inteirar sobre as questões sociais e, ele mesmo, tratá-las, à luz das Sagradas Escrituras, no púlpito da Igreja.

          Diante do que expusemos aqui neste capítulo, fica claro que é preciso sim falar sobre política na igreja. O propósito é orientar o povo de Deus sobre a importância da política séria. O que não podemos é fazer política tendenciosa no ambiente cristão, tampouco elevar os debates políticos em detrimento da pregação do Evangelho puro e simples. Também é preciso saber que os pastores não devem ceder os púlpitos das igrejas para que políticos façam suas campanhas, mesmo que a plataforma destes políticos seja interessante.




[1]  SBB. Bíblia Sagrada.  Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. Rm 13.1-7.
[2]  Ibidem. Am 2.6,7
[3]  CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009. p. 1199.
[4]  SBB. Bíblia Sagrada.  Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. Amós 8.4-7.
[5]  CHAMPLIN, Russel N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Vol. 5.  São Paulo: Hagnos. 2001.  p. 3528.
[6]  GRUDEM, Wayne. Política segundo a Bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer. São Paulo: Vida Nova. 2014. PP. 112-113.
[7]  SBB. Bíblia Sagrada.  Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. I Pe 2.13,14
[8]  CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009. p. 2063.
[9]  SBB. Bíblia Sagrada.  Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB. I Tm 2.1,2.
[10]  CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009. p. 1947.
[11]  GRUDEM, Wayne. Política segundo a Bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer. São Paulo: Vida Nova. 2014. p.9.
[12]  Ibidem. p.10..
[13]  ALIANÇA CONGREGACIONAL. Documentos Oficiais: Constituição, Regimento Interno, Código de Ética, 28 Artigos.  João Pessoa: Aliança Editora. 2012. P.96.
[14]  Ibidem. P.97.