O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

9 de abril de 2021

A Oração e a Onipotência de Deus

A ORAÇÃO E A ONIPOTÊNCIA DE DEUS

Salmo 139.13-24 

Pr. Gilson Soares dos Santos 

“13 Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. 14 Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; 15 os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. 16 Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda. 17 Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! 18 Se os contasse, excedem os grãos de areia; contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim. 19 Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue. 20 Eles se rebelam insidiosamente contra ti e como teus inimigos falam malícia. 21 Não aborreço eu, SENHOR, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? 22 Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato. 23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; 24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Sl 139.13-24). 

INTRODUÇÃO 

1_ Sobre o Salmo 139 

1.1_ Seu autor 

A_ Deus é o Autor Soberano deste Salmo. 

1.2_ Seu escritor inspirado 

A_ Foi escrito por Davi, sob a inspiração do Espírito Santo. Davi pode ser considerado o autor humano. 

Obs.:  Um dos manuscritos da Septuaginta atribui a Zacarias a autoria deste Salmo. (Derek Kidner – Salmos 73-150 – Introdução e Comentário) 

1.3_ Seu conteúdo 

A_ O Salmo 139 nos apresenta alguns dos atributos de Deus, especialmente: 

·         A1_ A Onisciência; 

·         A2_ A Onipresença; 

·         A3_ A Onipotência. 

1.4_ Os versos 13-24 

A_ Os versos de 13 a 24 nos apresentam a Onipotência de Deus, sendo percebida em frases como: 

“... Tu formaste o meu interior...” 

“... tu me teceste no seio de minha mãe...” 

“... por modo assombrosamente maravilhoso fui formado...” 

“... as tuas obras são admiráveis...” 

“... que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles!...” 

PROPOSIÇÃO: A ONIPOTÊNCIA DE DEUS E A ORAÇÃO 

I_ A ONIPOTÊNCIA DE DEUS 

A_ A onipotência é um dos atributos de Deus. 

1..1_ Definições rápidas de onipotência 

·         Significa que Deus tem todo o poder. E pode fazer todas as coisas que for da Sua vontade. Ele pode fazer todas as coisas que decidir fazer. 

·         Significa que para Deus não há nada impossível. 

B_ Porém, Deus não fez, não faz e não fará qualquer coisa que esteja fora da Sua vontade. Ele só faz aquilo que decidir fazer. 

II_ A ONIPOTÊNCIA DE DEUS E A ORAÇÃO 

2.1_ Cuidados que precisamos ter em nossas orações 

A_ Se sabemos que Deus é todo poderoso, então: 

a)_ Não devemos orar colocando palavras que limitem Deus. 

A_ Por exemplo: 

·         “Que o Senhor possa fazer isto... “ 

·         Se o Senhor puder fazer aquilo...” 

B_ Deus pode todas as coisas (Ef 3.20,21; Gn 18.14) 

“20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, 21 a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3.20,21). 

“14 Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho.” (Gn 18.14). 

“37 Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas.” (Lc 1.37). 

b)_ Não devemos orar com falta de fé. Pois a falta de fé pode criar obstáculo à resposta. (Tg 1.6,7) 

“6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. 7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;” (Tg 1.6,7) 

2.2_ Confiança que precisamos ter em nossas orações 

a)_ Devemos confiar que o nosso Deus pode fazer todas as coisas. 

A_ A Bíblia diz que precisamos confiar nele, pois o mais ele fará (Sl 37.5) 

“5 Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” 

b)_ Devemos confiar que, se orarmos dentro da vontade do Senhor, ele nos atenderá 

A_ A Palavra nos diz que a oração feita dentro da vontade do Senhor encontrará resposta em Deus (I Jo 5.14) 

“14 E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” 

c)_ A bíblia nos diz que precisamos descansar nele 

A_ Aquele que confia que o nosso Deus é Todo Poderoso, certamente, descansa nele (Sl 37.7a) 

7 Descansa no SENHOR e espera nele,” 

CONCLUSÃO 

1_ Para concluir: pequenas observações 

A_ Na oração ao Deus Todo Poderoso, precisamos ficar atentos a duas coisas: 

·         A Condição

·         A Convicção 

a)_ A condição: a vontade do Senhor (I Jo 5.14,15) 

“14 E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. (I Jo 5.14) 

b) A convicção: a certeza que ele nos atende (I Jo 5.15) 

“15 E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.” (I Jo 5.15). 

2 de abril de 2021

Hamartiologia - A Doutrina do Pecado


HAMARTIOLOGIA: A DOUTRINA DO PECADO

Romanos 3.9-20 

Pr. Gilson Soares dos Santos

 

Indubitavelmente, as Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, falam sobre o pecado. “Existem pelo menos oito palavras básicas para falar de pecado no Antigo Testamento e uma dúzia no Novo.” (CR)

“A existência do pecado é um fato inegável. Ninguém pode examinar sua própria natureza, nem observar a conduta de seus semelhantes, sem se ver dominado pela convicção de que existe um mal chamado pecado” (CH)

“Negativamente pecado é a falta de justiça ou de conformidade do ser humano para com a lei de Deus, e positivamente é a quebra desta lei (I Jo 3.4)” (JG)

“A doutrina do pecado é importante para nós pelo fato de ela influenciar todas as outras doutrinas e ser influenciada por elas” (ME)

Dentro da Teologia há uma disciplina denominada Hamartiologia, que trata exclusivamente sobre o pecado. O conteúdo da Hamartiologia abrange desde a origem do pecado até à condenação eterna de pecadores.

Nesse estudo introdutório, traremos uma pequena definição da disciplina de Hamartiologia seguida de conceitos sobre o pecado.

 I_ DEEFININDO HAMARTIOLOGIA

 1.1_ Hamartiologia: Definição do termo

             A Palavra Hamartiologia vem de dois termos gregos:

Hamartia: Que significa “pecado”. Embora tenha também outros significados. Mas o significado predominante desta palavra é “pecado”.

Logos: Que significa “palavra”, “estudo”, “dissertação”, “doutrina” Unindo os dois termos, podemos dizer que temos: Hamartiologia = Doutrina do Pecado. Também pode ser “Estudo sobre o Pecado”.

 1.2_ De que trata a Hamartiologia

         Hamartiologia é a parte da Teologia Sistemática que trata sobre a natureza do pecado, sua origem, consequências, magnitude, dimensão social, bem como estabelece uma relação entre a doutrina do pecado e outras doutrinas.

A Hamartiologia tem as Sagradas Escrituras como base para um entendimento amplo sobre o pecado. De maneira que, qualquer ensino sobre o pecado que ignore o que diz as Sagradas Letras não pode ser considerado Hamartiologia legítima.

Millard Erickson nos diz que o pecado pode ser abordado e estudado de diversas maneiras. Sendo assim, ele apresenta três destas abordagens sobre o pecado, a saber:

 a)_ Primeira Abordagem: Empírica ou Indutiva 

Observamos os atos praticados pelos seres humanos atualmente ou examinamos as ações dos personagens bíblicos para, então, chegar a algumas conclusões gerais sobre o comportamento dessas pessoas e sobre a natureza do pecado.(ME) 

b)_ Segunda Abordagem: O Método do Paradigma 

Selecionamos um tipo de pecado (ou um termo que descreve o pecado) e o estabelecemos como parâmetro para outros pecados. Em seguida, analisamos outros tipos de pecado (ou outros termos que o descrevem) em relação a esse modelo básico, considerando-os variações ou elucidações do nosso paradigma. (ME) 

c)_ A Terceira Abordagem: Terminologia Bíblica Referente ao Pecado 

A terceira abordagem começa com a observação de toda a terminologia bíblica referente ao pecado, surgindo uma ampla variedade de conceitos. Então examinamos esses conceitos para descobrir o elemento essencial do pecado. Este fator básico pode assim ser usado como ponto central de nossa tentativa de estudar e entender a natureza de exemplos específicos de pecado. (ME) 

II_ DEFININDO PECADO 

O Catecismo Maior de Wesrminster, na pergunta 24, traz a seguinte interrogação: O que é pecado? Em seguida o Catecismo apresenta a seguinte resposta: Pecado é qualquer falta de conformidade com a Lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por ele dada como regra à criatura racional. (Rm 3.20,23; I Jo 3.4; Gl 3.10-12; Tg 4.17). 

2.1_ Duas formas de pecado 

A falta de conformidade com a Lei de Deus pode vir de duas formas: Pecado por Comissão e Pecado por Omissão. 

a)_ Pecado por Comissão 

O pecado de Comissão consiste no seguinte: Quando Deus diz em Sua Palavra para não fazermos algo e nós, em desobediência, transgredimos a sua ordem, pecamos por comissão. O pecado por Comissão é Transgressão da lei de Deus. É desobediência à Sua Palavra. Confira os seguintes textos: I Jo 3.4; Sl 106.6; Gn 3; Tg 2.9-11; Rm 1.32. 

b)_ Pecado por Omissão 

O pecado por Omissão consiste no seguinte: Quando Deus diz em Sua Palavra para fazermos algo e nós, em desobediência, não fazemos o que ele nos manda fazer, pecamos por omissão. O pecado por Omissão é falta de conformidade com a Lei de Deus. É também desobediência à Sua Palavra. Confira os seguintes textos: Tg 4.17; Lc 12.47,48; Jo 13.17; 

III_ DOIS TERMOS BÍBLICOS PARA O PECADO 

Agora nos ocuparemos em apresentar dois termos bíblicos para pecado. 

2.1_ Pecado é errar o alvo 

Em sua Teologia Sistemática, Millard Erickson nos apresenta o seguinte: 

·         “É provável que o conceito mais comum que enfatiza a natureza do pecado seja a ideia de errar o alvo”. (ME)

·         “A expressão “errar o alvo” geralmente indica um erro, não um pecado cometido intencional e conscientemente. Mas, na Bíblia, a palavra [...] subentende não um simples erro, mas uma decisão de errar, uma falha voluntária e culpável” (ME) 

Vale lembrar algo aqui: “Não somos pecadores porque erramos o alvo; erramos o alvo porque somos pecadores”. A Bíblia diz que já nascemos em pecado. 

2.2_ Pecado é transgressão 

“Pecado geralmente é definido como transgressão à lei (I Jo 3.4). Essa é uma definição correta enquanto entendermos o pecado em seu sentido mais amplo, ou seja, afastamento dos padrões estabelecidos por Deus” (CR).

Exemplo de transgressão deliberada pode ser encontrado na desobediência aos mandamentos descritos em Êxodo 20.1-17, oito dos quais começam com a palavra “Não...”

Pecado é, portanto, a transgressão da lei. Conforme podemos encontrar em algumas traduções para I João 3.4: “Pecado é iniquidade” 

IV_ DIFERENÇA ENTRE CRIME E PECADO 

“Rigorosamente falando, pecado é a violação da lei de Deus; crime é a violação da lei do Estado” (JV). Um ato pode ser ao mesmo tempo pecado e crime. Por exemplo, assassinato, roubo e perjúrio. Entretanto, existem atos que são pecados, mas não são crimes. Por exemplo, “Odiar o irmão é pecado contra Deus, mas não viola a lei do Estado, que não tem jurisdição sobre os pensamentos do homem” (JV). Por outro lado, existem atos que são crimes, mas não são pecados. Por exemplo, “Na Escócia [...] muitos pactuantes foram postos na prisão e até mortos porque reuniam-se para adorar a Deus sem o consentimento do rei. Isso foi crime porque eles violaram a lei do Estado (uma lei injusta e ímpia, nesse caso), mas não era pecado porque eles, ao fazerem isso, estavam obedecendo à lei de Deus”.(JV) 

Neste pequeno estudo, apresentamos alguns conceitos sobre o que é pecado. De igual maneira, falamos sobre a existência de uma disciplina que estuda exclusivamente o pecado e suas consequências.

Nosso estudo é apenas uma introdução ao tema, pois sabemos que o estudo sobre o pecado é algo muito profundo. No entanto, o que aqui apresentamos já nos serve de base para o que estudaremos em outras postagens. 

BIBLIOGRAFIA 

(ME)_ ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo. Vida Nova. 2015. 

(JG)_ GOMES, Joelson. A Depravação Total. Revista Crescimento Cristão. Ano IV. Nº 07. Lição 1. Recife. Aliança. s/d. 

(CH)_ HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo. Hagnos. 2010. 

(CR)_ RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao Alcance de Todos. São Paulo. Mundo Cristão. 2011. 

(JV)_ VOS, Johannes Geerhardus. O Catecismo Maior de Westminster Comentado. São Paulo. Puritanos. 2007.