ESCATOLOGIA: O PRE-MILENISMO HISTÓRICO
Pr.
Gilson Soares dos Santos
1 A concepção pré-milenista histórica
Vejamos a definição desta corrente
escatológica nos dizeres de Charles C. Ryrie (2011, p. 523):
É a visão que afirma que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá antes do
milênio. Isso resultará no estabelecimento do reinado de Cristo nesta Terra por
um período literal de mil anos. Também entende que haverá muitas ocasiões em
que ressurreições e juízos ocorrerão. A eternidade começará após esses mil anos
serem concluídos. Dentro do pré-milenismo, existem visões diferentes sobre
quando o arrebatamento ocorrerá.
Todas as formas do pré-milenismo entendem que o milênio virá após a segunda
vinda de Cristo.
Na explicação de Erickson (1997, p. 511) o
pré-milenismo pode ser entendido da seguinte forma:
O pré-milenismo devota-se ao conceito de um reinado terreno de Jesus
Cristo, com duração de cerca de mil anos (ou, pelo menos um período substancial
de tempo). [...] entende que Cristo estará fisicamente presente durante esse
tempo; crê que Jesus retornará de forma pessoal e física, a fim de iniciar o
milênio. Sendo assim, o milênio deve ser considerado ainda futuro.
1.1
Ordem dos eventos no pré-milenismo histórico
Ferreira e Myatt (2008, p. 1102) descrevem a
ordem dos eventos no pré-milenismo da seguinte forma:
Segundo o
pré-milenismo histórico, a ordem dos eventos pode ser assim resumida: 1) época presente
da igreja, da evangelização e da apostasia do homem; 2) grande tribulação de
sete anos, ascensão do anticristo e perseguição da igreja; 3) volta de Cristo,
arrebatamento, primeira ressurreição e batalha do Armagedom', 4)
inauguração do milênio e prisão de Satanás no abismo; 5) fim do milênio,
soltura de Satanás e rebelião das nações; 6) derrota final de Satanás, ressurreição
dos ímpios e julgamento final; 7) estado eterno.
1.2 Argumentos oferecidos pelo pré-milenismo histórico
Vejamos, segundo Norman Geisler (2010, p.
940), os argumentos oferecidos pelo pré-milenismo histórico:
(1) Explica melhor a
promessa incondicional de terra feita a Abraão e seus descendentes (Gn 12;
14,15).
(2) Permite um melhor
entendimento da aliança incondicional davídica (de que seu descendente iria
reinar para sempre — 2 Samuel 7.12ss.).
(3) E necessário para
o cumprimento de numerosas previsões do Antigo Testamento sobre uma era
messiânica (cf. Is 9; 60; 65).
(4) Explica a
promessa de Jesus de que Ele e Seus apóstolos reinarão sobre tronos em Jerusalém
(Mt 19.28).
(5) Esta baseado na
resposta de Jesus a pergunta dos discípulos a respeito de restaurar o reino de
Israel (At 1.5-7).
(6) Confirma a
declaração de Paulo, de que Cristo ira reinar ate que a morte seja derrotada (1
Co 15.20-28).
(7) E consistente com
a promessa de Romanos 11, de que Israel será restaurado.
(8) Estabelece a
interpretação literal de que Cristo e os santos ressuscitados irão reinar durante
“mil anos” (Ap 20.1-6).
1.3 Defensores do pré-milenismo histórico
Veja o que apresenta Ferreira e Myatt
(2008, p. 1101):
O chamado
pré-milenismo histórico foi a posição dominante dos pais da igreja na teologia,
entre os séculos II e IV. Entre esses pais da igreja, podemos mencionar Justino
de Roma, Irineu de Lion, Tertuliano e Cipriano, embora existissem outras
interpretações sobre o milênio. Papias, que, segundo a tradição, foi discípulo
do apostolo João, cria na ideia de um reino literal de mil anos na Terra,
depois da segunda vinda de Cristo. Essa é a noção que define o pré-milenismo.
Ao defender o milênio, esses pensadores entendiam que estavam defendendo a
ortodoxia cristã de três maneiras: 1) apoiando a apostolicidade e canonicidade
do Apocalipse contra os que combinaram a negação desse livro com a rejeição ao
milenismo; 2) opondo-se aos gnósticos, que espiritualizavam a doutrina cristã,
destruindo a esperança do futuro; 3) opondo-se aos cristãos platônicos, como
Orígenes, cuja rejeição de um milênio literal era baseada numa hermenêutica
alegórica e que revelava um menosprezo idealista para com a criação.
Durante a Reforma
protestante, William Tyndale e muitos dos anabatistas defenderam o
pré-milenismo.
No século XVII,
vários puritanos também afirmaram esta posição, como William Twisse, que
presidiu a assembleia que preparou a Confissão de Fé de Westminster, Thomas
Goodwin, William Bridge e Jeremiah Burroughs. Quase todos os puritanos da Nova Inglaterra
eram pré-milenistas, entre eles, Cotton Mather. Entre os batistas são contados,
Benjamin Keach e John Gill, e entre os pietistas alemães, Phillip Jakob Spener
e Johann A. Bengel.
No grande avivamento
do século XVIII, Charles Wesley e Augustus Toplady afirmaram o pré-milenismo,
assim como os irmãos Andrew e Horatius Bonar e C. H. Spurgeon, no século XIX,
na Escócia e na Inglaterra.
Entre os teólogos
contemporâneos que afirmam esta posição estão Oscar Cullmann, Russell Shedd,
George Eldon Ladd, Wayne Grudem, R. K. McGregor Wright e Millard Erickson.
Outros nomes a favor do pré-milenismo, são: Clemente de Alexandria (150
– 215), O puritano Cotton Mather (1663-1728), Crififith Thomas (1861-1924),
James Montgomery Boice (1938-2000).
BIBLIOGRAFIA
PARA CONSULTA
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia
Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia
Sistemática: Uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual.
São Paulo: Vida Nova, 2008.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD. 2010.
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao Alcance de Todos. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.