SALMOS E HINOS: O PIONEIRO ESQUECIDO
Luciana
Barbosa*
Às vezes questiono acerca da história do
Salmos e Hinos no contexto que me encontro desde criança até os dias de hoje,
onde esse belíssimo hinário é, e sempre foi esquecido e desvalorizado pelos
cristãos, principalmente os que fazem parte das Igrejas Congregacionais do
Brasil em suas diversas denominações. Acredito que isto aconteça por desconhecimento de sua história
e origem. E para começar esse artigo gostaria de contar uma história sobre este
hinário e os hinos que compõem essa coletânea tem contribuído para levar almas
aos pés de Cristo.
Conta-se que certo missionário Evangélico
quando se encontrava em Sião conheceu um descendente de certa tribo habitando
nas montanhas, na maior selvageria e sem qualquer conhecimento da religião
cristã. Sentiu desejo de ir até lá e ensinar-lhes o amor de Deus. Seus amigos
tentaram dissuadi-lo da ideia. De joelhos, ele procurou a resposta e a obteve,
ouvindo uma voz, como vinda do céu, que dizia: "Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura." Entendeu ser essa a vontade de Deus.
Durante a viagem, sentiu-se encorajado com as palavras que ouvia em seu
coração: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos
séculos." Depois de longa viagem, chegou ao lugar desejado. Viu-se cercado
de uma multidão de selvagens aguerridos, ameaçadores, armados de flechas e
lanças. O missionário não temeu. Tomando seu violino, afinou-o e começou a
tocar e a cantar o belo hino que assim começa "Saudai o nome de
Jesus!" número 231 do Salmos e Hinos. Enquanto cantava e tocava,
mantinha-se de olhos cerrados. Ao chegar na última quadra do hino que diz:
"Ó raças, tribos e nações, ao Rei divino honrai", abriu os olhos e
viu, com grande alegria, que os selvagens haviam depositado suas armas no chão
e permaneciam extasiados, comovidos com a música que ouviam. Fazendo-se
entender, pediram ao missionário que permanecesse com eles, o que ele aceitou.
Aprendeu-lhes a língua e começou a ensinar-lhes a Salvação em Jesus Cristo. E
muitas vezes cantaram com profunda gratidão: Saudai o nome de Jesus!
Quando falamos do Salmos e Hinos somos
levados automaticamente a associa-lo a figura de Robert Kalley e sua leal
esposa Sarah Kalley os fundadores da primeira igreja evangélica em língua
portuguesa fundada no Brasil no ano de 1855 na cidade do Rio de Janeiro, a
igreja Fluminense que encontra-se lá até os dias de hoje. No inicio eram 50
salmos e hinos que foram usados pela primeira vez em 17 de novembro de 1861,
seis dias após sua chegada ao Brasil. Desta maneira, "Salmos e Hinos"
transformou-se na gênese de uma espécie de "teologia comum" às
diversas denominações, servindo por décadas como único instrumento litúrgico em
igrejas e congregações muitas vezes dirigidas dos diversos tipos de governo
eclesiástico, bem como posições teológicas conflitantes (formas de batismo;
predestinação x livre arbítrio; ceia memorialista x ceia com presença
real;etc). Aqui abro um parênteses, onde destaco a IPB e Batistas, quando
observamos a história do hinário das igrejas Presbiterianas (Novo cântico) e o
das igrejas Batistas (Cantor Cristão) concluímos que estes hinários tiveram
como base o Salmos e hinos.
A história do novo cântico nos conta que o
hinário usado pela Igreja Presbiteriana do Brasil era o “Salmos e hinos”. Mas,
por julgarem-no passível de correções, no aspecto linguístico e doutrinário o
concilio determinou a criação de um hinário que melhor servisse a IPB e outras
igrejas de denominações irmãs. Foi criado um hinário provisório com hinos do
reverendo Jerônimo Gueiros, Antônio Almeida e de outros autores, sendo
utilizado nas igrejas do Norte e Nordeste. A preocupação e o zelo pela
Escritura levaram estes reverendos a cristalizar no coração da IPB, uma de suas
maiores necessidades, isto é, cantar com mais convicção e fidelidade às
doutrinas bíblicas. Hoje a IPB tem seu hinário próprio, porém até esse dia
chegar utilizava-se o Salmos e hinos.
Já o cantor cristão não é muito diferente,
foi o segundo hinário dos evangélicos brasileiros. Foi publicado em 1891 e sua
primeira versão continha apenas 16 hinos; já em 1921 saiu a 17° edição com 571
hinos e nos diz a história dos batistas que esse valor, naturalmente deve ser
dado também aos “Salmos e hinos”, pois, beberam dessa fonte durante anos.
Infelizmente hoje não é isso que acontece, a
preferência é pelo que é dos outros e muitas vezes tais músicas professam
aquilo que não professamos como nossa confissão de fé. Hoje mais de 150 anos, e
com mais de 500 hinos próprios, um mais belo que o outro são negligenciados,
busca-se outras fontes que muitas vezes derramam águas sujas. Até quando isso irá
acontecer? Até quando o pioneiro ficará no esquecimento? E para concluir da
melhor forma possível, deixo o hino que foi citado no inicio, que conduziu o
povo ao arrependimento e a busca de Deus.
COROAI 231
1. Saudai o nome de Jesus!
Arcanjos, adorai!
Ao Filho do bendito Deus,
Com glória coroai!
2. Ó redimida geração
Do bom e eterno Pai,
Ao grande Autor da salvação
Com glória coroai!
3. Ó perdoados cujo amor
Bem triunfante vai,
Ao Deus varão, Conquistador,
Com glória coroai!
4. Ó raças, tribos e nações,
Ao Rei divino honrai!
A Quem quebrou os vis grilhões
Com glória!
Salve o nosso Salmos e Hinos!