CULTO TRANSFORMADO EM SHOW
Pr.
Gilson Soares dos Santos
Sou um dos muitos descontentes com a
banalização do culto. Percebo que muitos líderes, de maneira proposital,
mudaram o padrão bíblico do culto que satisfaz a santidade de Deus para um
modelo que satisfaz aos caprichos do homem, mudando até sua nomenclatura. O
culto foi transformado em show.
Quero
transcrever, na íntegra, o conteúdo da página 25, da Revista Ultimato, Número
295, Julho-Agosto de 2005, que trata sobre “Culto transformado em show”.
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Culto
transformado em show
Os israelitas leram o Livro
da Lei do Senhor durante três horas, e passaram outras três horas confessando
os seus pecados e adorando o Senhor (Ne 9.3)
Não é apenas a mídia que
está usando a palavra show para se referir a alguns cultos. Nós mesmos usamos
esse termo em nosso meio. Uma de nossas revistas chama-se Show da Fé. As missas
celebradas pelo padre Marcelo Rossi são usualmente denominadas de “showmissas”.
As palavras culto e show não
combinam, a não ser que lhes demos significados modernos. O dicionário Aurélio
define show como “um espetáculo de teatro, rádio, televisão etc., geralmente de
grande montagem, que se destina à diversão, e com a atuação de vários artistas
de larga popularidade, ou às vezes de um só”. Ora, nessa definição, nada
combina com o significado de culto, que o mesmo dicionarista diz ser “adoração
ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer religião”.
“A igreja existe, não para oferecer entretenimento, encorajar vulnerabilidade,
melhorar autoestima ou facilitar amizades, mas para adorar a Deus. Se falharmos
nisso”, conclui Philip Yancey, “a igreja fracassa” (Igreja: Por Que me
Importar, p. 25)
Outro dia, Silas Tostes, um
dos organizadores do 4º Congresso Brasileiro de Missões, mostrou-se inseguro
quanto ao número de participantes, por ser um congresso de missões e não um
show de música gospel.
De fato, em muitas igrejas,
o tempo destinado à exposição da Palavra é cada vez menor e o tempo reservado
aos cânticos é cada vez maior. Em alguns cultos já não há lugar para o antigo
sermão, nem para algum substituto dele. Assim como há geleia light, maionese
light e pão light, temos o culto light (leve, ligeiro, alegre, jocoso etc.).
Embora a música de adoração seja de suma importância e de fundamento bíblico
(basta recordar o desempenho dos cantores e instrumentistas levitas), o papel
da música religiosa hoje em dia não implica, obrigatoriamente, uma elevação da
qualidade dos adoradores e do culto. A decadência do culto transformado em show
leva obrigatoriamente a outros absurdos: certo “levita” explicou que o ministro
de música (no caso, o tal artista de larga popularidade, da definição do
Aurélio) “deve andar de carro novo e vestir-se elegantemente porque, afinal de
contas, tem a responsabilidade de conduzir o povo ao trono de Deus em
adoração”.
Por ocasião do avivamento
acontecido em Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias, logo após o
retorno dos exilados, gastavam-se três horas para a leitura da Lei do Senhor e
mais três horas para a confissão de pecados e adoração (Ne 9.1-5).