D. A. CARSON COMENTA JOÃO 17.17 O TEMA DO 19º ENCONTRO
PARA A CONSCIÊNCIA CRISTÃ
Pr.
Gilson Soares dos Santos
Este ano, 2017, nos dias 23 a 28 de
Fevereiro, na cidade de Campina Grande – PB, será realizado o 19º Encontro para
a Consciência Cristã, realizada pela VINACC (Visão Nacional para a Consciência
Cristã). Estará presente ao evento, segundo a vontade de Deus, o teólogo
cristão D. A. Carson.
O Tema do Evento tem como base o texto
bíblico de João 17.17: “Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade”.
Atrevi-me a transcrever aqui no blog o
comentário de D. A. Carson sobre o texto de João 17.17, conforme pode ser
encontrado em sua obra “O Comentário de João”,
publicado pela Shedd Publicações.
À leitura:
O grupo
de palavras relacionadas a ‘santidade’ do qual deriva santificar é bastante
raro no quarto evangelho. O verbo ocorre em 10.36; 17.17,19; o adjetivo ‘santo’
encontra-se na expressão “Espírito Santo” em 1.33; 14.26; 20.22, e de outro
modo em 6.69; 17.11. Em sua esfera mais básica de significado, ‘santo’ é quase
um adjetivo para Deus: ele é transcendente, ‘outro’, distinto, separado da criação,
e assim os anjos clamam incessantemente em sua presença: “Santo! Santo! Santo!”
(cf. Is 6.3; Ap 4.8). Derivadamente, portanto, pessoas e coisas que são reservadas
para ele também são chamadas de santas - seja um incensário para um altar no
templo da antiga aliança, seja um homem reservado para ser sumo sacerdote. O
profeta Jeremias, e Arão e seus filhos, foram todos ‘santificados’, isto é,
reservados para o ofício sagrado, reservados para Deus (Jr 1.5; Ex 28.41). As implicações
morais para as palavras em português ‘santo’ e ‘santificação’ surgem somente
nesse ponto: isto é, idealmente, se alguém é reservado para Deus e para os
propósitos de Deus apenas, essa pessoa fará somente o que Deus quiser, e odiará
tudo o que Deus odeia. Isso é o que quer dizer ser santo assim como Deus o é
(Lv 11.44,45; lPe'1.16).
Jesus é aquele a quem o ‘Pai separou [isto é,
“santificou”; o verbo é hagiazô\ como seu e enviou ao mundo’ (c f notas
sobre 10.36). Isto é, o Pai reservou o Filho para seus próprios propósitos
nessa missão ao mundo. Em outras palavras, o Filho se santificou (cf. v.
19, abaixo) - isto é, ele se separou para ser e fazer exatamente o que o Pai
lhe atribuiu. Nesse momento ele ora para que Deus santifique (hagiazô)
os discípulos. No evangelho de João, essa ‘santificação’ é sempre para a
missão. A missão dos discípulos é declarada no versículo seguinte; o presente versículo
enfoca o meio da santificação: “Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade”.
Isso só pode
significar que o meio pelo qual Jesus espera que seu Pai santifique os
seguidores do Filho seja a verdade. O Pai imergirá os seguidores de
Jesus na revelação de si mesmo em seu Filho; ele os santificará enviando o
Paracleto para guiá-los a toda verdade (15.13). Os seguidores de Jesus serão
‘separados’ do mundo, reservados para o serviço de Deus, à medida que pensam e
vivem em conformidade com a verdade, a ‘palavra’ da revelação (v. 6)
supremamente mediada por Cristo (ele próprio a verdade, 14.6, e a Palavra
encarnada, 1.1,14) — a revelação nesse momento incorporada nas páginas desse
livro. Em termos práticos, ninguém pode ser ‘santificado’ ou separado para o uso
do Senhor sem aprender os pensamentos de Deus e pensar em conformidade com ele,
sem aprender a viver em conformidade com a palavra que ele graciosamente deu.
Em contraste, o coração da ‘mundanidade’, daquilo que faz do mundo o que ele é
(1.9), é uma fundamental supressão ou negação da verdade, uma profunda rejeição
da ‘palavra’ graciosa de Deus, de sua auto-revelação em Cristo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CARSON, D.
A. O Comentário de João. São Paulo:
Shedd Publicações. 2007. p.566-567.