O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE JULGAR OS OUTROS
Pr.
Gilson Soares dos Santos
INTRODUÇÃO
O inimigo sempre usou a Bíblia, distorcendo
textos, para enganar, pois é mentiroso e pai da mentira.
Ele distorceu a ordem que Deus havia dado a
Adão e Eva, lá no Éden, e conseguiu, com isso, provocar a queda dos nossos
primeiros pais. (Gn 3.1-5).
Na tentação de Cristo, o inimigo também usou
as Escrituras, sempre com o propósito de prejudicar, mas Jesus também usou a
Escritura contra o inimigo (Mt 4.5-7).
Ainda hoje, o inimigo continua distorcendo a
Palavra dada por Deus, e seu propósito é sempre prejudicar.
Ultimamente, muita gente tem usado o texto de
Mateus 7.1-5 para que ninguém fale contra seus pecados, pois, segundo essas
pessoas, quem denuncia ou aponta o pecado do outro está julgando.
O inimigo tem usado esse tipo de artifício
para que as pessoas se calem diante do pecado das outras.
Muitos têm dito que julgar os outros é falta
de amor.
Será que é isso que a Bíblia ensina? Será não
podemos julgar? Será que não podemos denunciar os pecados dos outros? Será que
falar contra o pecado de alguém é falta de amor?
Vamos estudar um pouco sobre isto.
Vamos entender a diferença entre julgar e
pregar contra o pecado.
PROPROSIÇÃO:
O
QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE JULGAR OS OUTROS
I – ENTENDENDO O TERMO “JULGAR” NO
DICIONÁRIO
Vejamos o que diz o Aurélio:
Julgar: 1. Decidir como juiz ou árbitro. 2.
Dar sentença, sentenciar. 3. Supor, imaginar, conjeturar. 4. Formar opinião
sobre; avaliar. 5. Dar, adjudicar. 6. Sentenciar, condenar.
Pelo exposto, julgar é decidir como juiz ou
árbitro. É dar uma sentença. É também supor algo, imaginar algo.
Quando apontamos o pecado visível de alguém,
não estamos dando uma sentença, estamos denunciando algo que está patente aos
olhos de todos.
É diferente de supor, de imaginar. Estamos
denunciando um pecado visível, aberto, manifesto.
Se julgar, segundo o dicionário, é também
formar opinião sobre algo ou alguém, então todo mundo julgar, pois todo mundo
tem sempre uma opinião formada sobre algo e sobre alguém.
II – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE JULGAR OS
OUTROS
1 – A
Bíblia diz que o homem espiritual julga todas as coisas (I Co 2.15)
O texto está dizendo que o homem espiritual
julga todas as coisas, ou seja, busca discernir todas as coisas.
A expressão aqui é que o homem espiritual
questiona todas as coisas, segundo o que o Espírito lhe ensina.
Mas ele não é julgado por ninguém.
2 – A
Bíblia diz que temos autoridade para julgar as coisas desta vida (I Co 6.1-5)
O texto nos mostra que os crentes devem
julgar as causas internas da igreja.
Paulo pergunta: Não há nenhum sábio que possa
julgar no meio da irmandade? Ele está admirado que não houvesse alguém para
julgar. Isto quer dizer que os crentes devem julgar.
Paulo diz que iremos julgar até os anjos, e
completa: “quanto mais as coisas desta vida!”.
3 – A
Bíblia diz que devemos julgar (Jo 7.24)
Veja que a Bíblia diz que devemos julgar.
Porém, nosso julgamento não é segundo a
aparência, mas pela reta justiça.
Qual é a reta justiça? A Palavra de Deus é a
justiça mais reta que existe. Não há outra além dela, não há outra igual a ela.
Podemos julgar? Podemos. Desde que seja de
acordo com a Palavra de Deus.
Jesus estava condenado os critérios injustos
que eram usados para o julgamento. Mas acrescenta que podemos julgar, desde que
usemos a justiça correta. Sabemos que a Palavra de Deus é a justiça correta.
Quando usamos a Palavra de Deus para julgar,
sabemos que estamos fazendo o certo, pois a própria Palavra é quem julga. Leiamos João 12.48.
“Quem
me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra
que tenho proferido, essa o julgará no último dia.” (Jo 12.48)
4 –
Paulo conclamou os crentes de Corintos a julgar e sentenciar um caso de pecado
que havia dentro da igreja (I Co 5.1-5)
Veja que, neste caso, Paulo convoca a igreja
para julgar uma situação e ele mesmo diz, no verso 5, que já havia sentenciado.
Sentenciar é proferir julgamento.
III – ENTENDENDO O TEXTO DE MATEUS
7.1-5
1 – O
texto está condenado o julgamento hipócrita.
O texto está condenando aquele que tenta
tirar o argueiro no olho do irmão e esquece de tirar a trave que está no seu.
A cena de um homem com uma trave no olho
tentando remover um cisco do olho de outro homem é, de fato, ridícula!
Quem não encara os próprios pecados com
honestidade e não os confessa, torna-se cego e não pode ver claramente para
ajudar seus semelhantes. Os fariseus viam os pecados dos outros, mas não
conseguiam enxergar as
próprias transgressões.
Isto significa que não pode apontar os
pecados dos outros aquele que tem pecado semelhante ou maior.
O texto quer dizer que não adianta tentar
corrigir os outros se primeiro não nos corrigirmos.
O que
diz D. A. Carlson no Comentário Bíblico Vida Nova
Os v 1.5 advertem contra a atitude de
criticar outras pessoas sem verificar primeiro se nós mesmos estamos abertos à
crítica. E o ser julgado pode muito referir-se ao julgamento de Deus, como
também ao de outras pessoas. O texto não diz que não podemos julgar. Veja que
Jesus diz “Tira primeiro a trave do teu olho”. Isto quer dizer que se eu me
corrijo, posso corrigir os outros. Se eu me julgo, posso julgar os outros. As
Escrituras dizem, em I Co 11.31, que “se
nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.”.
Se eu julgo a mim mesmo e me corrijo, devo
pregar contra o pecado dos outros para que venham ao arrependimento.
IV – POR QUE, MUITAS VEZES, É PRECISO
JULGAR
1 –
Para poder reprovar as obras das trevas (Ef 5.11-13)
Para que eu não seja cúmplice nas obras das
trevas tenho que julgar, pois somente assim poderei reprova-las.
2 –
Para que possa repreender meu irmão quando peca (Mt 18.15-17)
“15 Se
teu irmão pecar, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste
a teu irmão. 16 Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas
pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se
estabeleça. 17 E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir
também a igreja, considera-o como gentio e publicano.”
CONCLUSÃO
É preciso aprender que repreender alguém
pelos seus pecados não é falta de amor nem julgamento.
Samuel repreendeu a Eli (I Sm 22.9);
Samuel repreendeu a Saul (I Sm 13.13);
Natã repreendeu a Davi (II Sm 12.7);
Elias repreendeu a Acabe (I Rs 21.20).