O Pr. Gilson Soares dos Santosé casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. Éservo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologiapelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofiapela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente éPastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.
22 de abril de 2015
Um pequeno estudo sobre a origem da alma humana
UM PEQUENO ESTUDO SOBRE A ORIGEM DA ALMA HUMANA
Pr.
Gilson Soares dos Santos
Começo este post com a seguinte pergunta:
Nossa alma já existia antes de nascermos aqui no mundo? Deus cria nossa alma no
momento da concepção? O corpo do pai e da mãe se unem para formar o corpo da
criança, será que a alma do pai se une à alma da mãe para formar a alma da
criança?
Com relação à origem
da alma no homem, existem três correntes diferentes. Vejamos:
I.– A Teoria
Preexistencialista
“Alguns teólogos
especulativos, dentre os quais Orígenes, Scotus Erigena e Júlio Mueller são os
mais importantes, defendiam a teoria de que as almas dos homens existiam num
estado anterior, e que certas ocorrências naquele primeiro estado explicam a
condição em que essas almas se acham agora. Orígenes vê a atual existência
material do homem, com todas as suas desigualdades e irregularidades morais e
físicas, como um castigo pelos pecados cometidos numa existência anterior.
Scotus Erigena também sustenta que o pecado deu entrada no mundo da humanidade
no estado pré-temporal, e que, portanto, o homem começa a sua carreira na terra
como pecador. E Júlio Mueller recorre a teoria, com o fim de conciliar as
doutrinas da universalidade do pecado e da culpa individual. Segundo ele, cada
pessoa necessariamente deve ter cometido pecado voluntário naquela existência
anterior.”[1].
II.– A Teoria
Traducionista
“De acordo com o
traducionismo, as almas dos homens são reproduzidas juntamente com os corpos
pela geração natural e, portanto, são transmitidas pelos pais aos filhos. Na
Igreja primitiva Tertuliano, Rufino, Apolinário e Gregório de Nissa eram traducionistas. Desde os dias de Lutero o traducionismo
tem sido o
conceito geralmente aceito pela Igreja Luterana. Entre os
reformados (calvinistas), tem o apoio de H.B. Smith e Shedd. A. H. Strong
também tem preferência por ele.”[2]
Vejamos
quais são os argumentos dos traducionistas:
“Vários argumentos
são aduzidos em favor dessa teoria. (1) Alega-se que é favorecida pela
descrição bíblica segundo a qual (a) Deus uma única vez soprou nas narinas no
homem o fôlego de vida, e depois deixou que o homem reproduzisse a espécie, Gn
1.28; 2.7; (b) a criação da alma de Eva estava incluída na de Adão, desde que
se diz que ela foi feita “do homem” (1 Co 11.8), e nada se diz acerca da
criação da sua alma, Gn 2.23; (c) Deus cessou a obra de criação depois de haver
feito o homem, Gn 2.2; e (d) afirma-se que os descendentes estão
nos lombos* dos seus
pais, Gn 46.26;
Hb 7.9,10. Cf.
também passagens como Jo 3.6;
1.13; Rm 1.3; At 17.26. (2) tem o apoio da analogia da vida vegetal e animal,
em que o aumento numérico é assegurado, não por um número continuadamente
crescente de criações imediatas, diretas, mas pela derivação natural
de novos indivíduos
de um tronco paterno. Cf., porém,
Sl 104.30. (3) A teoria procura também apoio na herança de peculiaridades
mentais e tipos familiais, tantas vezes
tão notórios e notáveis
como semelhanças físicas,
que não podem ser explicados pela
educação ou pelo exemplo, desde que se evidenciam mesmo quando seus pais
não vivem para criar os seus
filhos. (4) Finalmente, ela parece
oferecer a melhor base para a explicação
da herança da depravação moral e espiritual, que é assunto da alma, e não do
corpo. É muito comum combinar o traducionismo com a teoria realista para
explicar o pecado original.”[3].
III.– A Teoria
Criacionista
“Para este modo de
ver, cada alma individual deve ser considerada como uma imediata criação de Deus,
devendo a sua origem a um ato criador direto, cuja ocasião não se pode
determinar com precisão. A alma é, supostamente, uma criatura pura, mas unida a
um corpo depravado. Não significa necessariamente que a alma é criada primeiro.
Separadamente do corpo, corrompendo-se depois pelo contato com o corpo,
o que pareceria pressupor que o pecado é algo físico. Pode simplesmente
significar que a alma, conquanto chamada à existência por um ato criador
de Deus, é,
contudo, pré-formada na
vida física do feto,
isto é, na
vida dos pais
e, assim, adquire a sua vida não acima e fora daquela complexidade de
pecado que pesa sobre toda a humanidade, mas debaixo dessa complexidade e
nela.”
Vejamos os argumentos
usados pela teoria criacionista:
“São as seguintes, as
mais importantes considerações em favor dessa teoria: (1) mais coerente com as
descrições gerais da Escritura, que o traducionismo. O relato original da
criação indica marcante distinção entre a criação do corpo e a da alma. Aquele
é tomado da terra, ao passo que esta vem diretamente de Deus. Esta distinção se
mantém através de toda a Bíblia, onde o corpo e a alma não somente são
apresentados como substâncias diferentes, mas também como tendo origens
diferentes, Ec 12.7; Is 42.5; Zc 12.1; Hb 12.9. Cf. Nm 16.22. Da passagem de
Hebreus, mesmo Delitzch, apesar de traducionista, diz: “Dificilmente poder
haver um texto-prova mais clássico em favor do criacionismo”. (2) claramente
mais coerente com a natureza da alma humana, que o traducionismo. A natureza
imaterial e espiritual e, portanto indivisível, da alma do homem, geralmente
admitida por todos os cristãos, é expressamente reconhecida pelo criacionismo.
Por outro lado, o traducionismo defende uma derivação da essência que, como
geralmente se admite, necessariamente implica separação ou divisão da essência.
(3) Evita os perigos latentes que corre o traducionismo na área da cristologia,
e faz maior justiça à descrição escriturística da pessoa de Cristo. Ele foi
verdadeiro homem, possuindo verdadeira natureza humana, corpo real e alma
racional, nasceu de mulher, fez-se semelhante a nós em todos os pontos – e,
todavia, sem pecado. Diversamente de todos os outros homens, Ele não participou
da culpa e corrupção da transgressão de Adão. Isso foi possível porque Ele não
compartiu a mesma essência numérica que pecou em Adão.”[4].
É só
um começo para que você possa estudar mais sobre o assunto. Se quiser uma aula em vídeo sobre o assunto, é só acessar o vídeo abaixo:
[1]
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática.
Campinas: Luz Para o Caminho. 1990. p.188
[2]
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática.
Campinas: Luz Para o Caminho. 1990. p.188.
[3]
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática.
Campinas: Luz Para o Caminho. 1990. p.189.
[4]
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática.
Campinas: Luz Para o Caminho. 1990. p.190.