UM PEQUENO ESTUDO SOBRE O BUDISMO
Pr.
Gilson Soares dos Santos
Nem preciso dizer que o budismo está em moda.
Está em moda mesmo, porque tudo aquilo que a rede globo de televisão promove
vira moda.
Hoje estou postando um pequeno estudo sobre o
budismo, extraído, da Revista Didaquê: Estudos Bíblicos, Nº 65, da Editora
Didaquê.
BUDISMO
Atualmente observa-se um curioso fato no
cenário religioso brasileiro: o aumento de praticantes do budismo. O país já
conta com alguns mosteiros budistas.
De fato, é grande a propaganda em torno do
budismo. Isso, não apenas no Brasil, mas na verdade, em todo o mundo ocidental.
Nas décadas de 1960 e 1970, por exemplo, no auge do movimento hippie, fez muito sucesso o livro de Sidarta, do alemão Herman Hesse, cuja
narrativa se passa na Índia do sexto século antes de Cristo. O livro conta a
busca espiritual de um jovem chamado Sidarta que viveu na mesma época daquele
que mais tarde seria conhecido como Buda, “o iluminado”. Ainda na década de
1970 o seriado de televisão Kung Fu,
e na década de 1980 os filmes da série Karatê
Kid fizeram apologia, isto é, uma defesa do budismo. Nos últimos anos o Dalai Lama, o famoso líder espiritual
tibetano tem se tonado um autêntico pop
star. Quando o Dalai Lama esteve
no Brasil, auditórios ficaram lotados, cheios de pessoas ávidas por ouvir seus
ensinamentos.
Em um nível mais popular, é bastante comum
encontrar em casas, escritórios, restaurantes e até estabelecimentos
comerciais, uma estátua de Buda, apresentado como um homem com feições
orientais, muito gordo, em posição de meditação, acredita-se que isso dá sorte.
O budismo é um desafio ao Cristianismo,
quanto à missão da igreja.
1 –
BREVE HISTÓRICO DO BUDISMO
Por volta do quinto século antes de Cristo
viveu um jovem nobre na Índia, por nome Gautama. Um dia, abandonou a riqueza de
seu lar, sua esposa e filho, e saiu vagueando como um mendigo, à procura de
iluminação espiritual. Após um período de meditação, recebeu a iluminação que
tanto esperava. Recebeu o título de “Buda” – O iluminado. Passou o resto de sua
vida transmitindo seus ensinamentos. Contra a sua vontade, Gautama foi
considerado como uma divindade pelos seus seguidores. Apesar de ter nascido na
Índia, e apesar da intensa tradição religiosa da cultura indiana, seu ensino
atraiu mais seguidores na China, no Japão, na Coréia, na Tailândia, no Vietnã e
regiões vizinhas. O budismo tem estado presente também no Ocidente, de modo
que, séculos passados desde seu início, hoje há milhões e milhões de seguidores
de seus ensinamentos.
2 –
PRINCIPAIS DOUTRINAS E PRÁTICAS BUDISTAS
Assim como outras grandes religiões, o budismo
é bastante dividido, isto é, não existe apenas um único budismo. Há, por
exemplo, o budismo zen, japonês, mais
filosófico que o budismo tibetano, cujo principal e mais conhecido
representante é o já citado Dalai Lama.
O budismo não prega a crença em um ser
supremo, uma entidade espiritual superior. Consequentemente, não tem uma
prática de oração. Devido a isso, curiosamente o budismo tem sido chamado
algumas vezes de “religião de ateísmo prático”. Assim, o budismo é mais uma
filosofia, do que propriamente uma religião.
O ensino budista pode ser resumido nas chamadas:
“Quatro verdades nobres”, que são:
1.
O
sofrimento é universal.
2.
O
sofrimento é causado pelo desejo.
3.
Eliminar
o sofrimento é eliminar o desejo.
4.
Um
caminho deve ser seguido para se alcançar a eliminação do desejo.
Este caminho, conforme o ensino budista, tem
oito passos:
1.
Crença
correta;
2.
Sentimentos
corretos;
3.
Fala
correta;
4.
Conduta
correta;
5.
Maneira
de viver correta;
6.
Esforço
correto;
7.
Memória
correta;
8.
Meditação
correta.
Quem se propõe nestes caminhos tem que
obedecer a dez mandamentos, (na verdade, são dez proibições). Assim, é
proibido:
1.
Matar;
2.
Roubar;
3.
Adulterar;
4.
Mentir;
5.
Ingerir
bebida alcoólica;
6.
Comer
durante o período de jejum;
7.
Dançar,
cantar ou qualquer forma de diversão;
8.
Usar
perfumes e ornamentos;
9.
Dormir
em camas que não estejam armadas no chão;
10. Aceitar ouro ou prata
como esmola.
É interessante observar que, destas dez
proibições, as quatro primeira aparecem no Decálogo, isto é, os Dez Mandamentos
da tradição judaico-cristã.
3 – O BUDISMO
À LUZ DA BÍBLIA
O contraste apresentado a seguir, entre
algumas crenças budistas e o ensino bíblico, tem como base o Dicionário da Religiões, Crenças e Ocultismos
(Ed. Vida, 2000, pp. 62-64):
Deus – O budismo não crê em
um único Deus pessoal e Todo Poderoso
como se crê no ristianismo. Toda revelação bíblica respousa no fato da
existência de Deus (Hb 11.6).
Salvação
– O budismo
entende que a salvação está na libertação do desejo. Tal salvação seria obtida
totalmente sem ajuda externa. Não há no budismo um conceito de perdão de
pecados, tal como encontramos no pensamento bíblico. Também não há um conceito
de “salvador” no budismo, pois, conforme seu entendimento, cada um tem que
resolver seu próprio problema. No cristianismo, em nítido e evidente contraste,
depende-se de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, para a redenção humana (Jo
3.16).
Vida
moral – O
budismo apregoa uma ética pessoal elevada. Entretanto, há que se considerar que
falta ao budismo uma ênfase clara no amor a Deus acima de todas as coisas (Dt
6.5), e ao próximo como a si mesmo (Lv 19.18), o que é absolutamente central no
cristianismo.
Na condição de seguidores de Jesus, o
Príncipe da Paz, como devemos agir em relação a budistas? Que desafios o
interesse ocidental pelo budismo apresenta aos cristãos?
Estas perguntas são importantes. Quanto a
tais questões, podemos pensar pelo menos no seguinte:
·
O
budismo dá muita ênfase à paz interior. Cristãos que vivem aflitos e angustiados
dificilmente conseguirão atrair para Jesus pessoas desejosas de paz.
·
De
igual modo, o budismo dá muita ênfase à prática da meditação. Há uma rica
tradição cristã de meditação (e é bom que se diga que a meditação cristã é
totalmente diferente da meditação transcendental do induísmo e do budismo), mas
que infelizmente tem sido ignorada e desprezada. Seria o caso da se resgatar a
autêntica ênfase na meditação cristã;
·
Evangelizar
um budista convicto não é tarefa fácil. Tal tarefa só terá êxito se executada
com humildade, respeito e dependência da orientação e do poder do Espírito
Santo.
Que Deus nos ajude a compartilhar nossa
esperança em Jesus para com nossos vizinhos e amigos budistas.
Rev.
Carlos Ribeiro Caldas Filho
Revista
Didaquê: Estudos Bíblicos. Religião não se discute! Quem disse? Nº 65, pp. 10-12,
Janeiro 2004. Editora Didaquê.