EM TEMPO DE FIM DE ANO:
REFLEXÕES FILOSÓFICAS SOBRE O TEMPO E A FELICIDADE
Gilson Soares dos Santos
Estamos chegando ao fim
do ano de 2012. Muita gente olha para este ano como uma velharia que precisa
morrer para que 2013 nasça trazendo novas esperanças. Farão o mesmo com 2013
quando tiver acabando. Afinal de contas, por que esta certeza de que um número
a mais no calendário pode significar mudanças? Pode trazer novidades? Quero
refletir um pouco sobre isso, recorrendo ao tempo e à felicidade no filósofo
Agostinho. Pois o tema da felicidade toca a problemática do tempo, no filósofo.
O ano de 2012 precisa,
necessariamente, se tornar passado, pois um presente que permanecesse sempre
presente, nunca se tornando passado, não seria tempo, mas eternidade.
O homem é mutável porque
está dentro do tempo, mudamos com 2012. Se Deus quiser, mudaremos com 2013,
pois nossa mutabilidade está associada ao tempo, já que a essência do tempo e
de quem está nele é ter somente uma existência fragmentária. O homem é criatura
de Deus, mas o tempo também é criação de Deus. O tempo nem sempre existiu, foi
criado por Deus, ele não é coeterno com Deus. O próprio tempo se inclui dentro
daquelas coisas que tiveram um começo, ou seja, um princípio.
A questão é: qual o bem
que você busca em 2013? Todo bem que buscamos, se estiver associado ao tempo,
certamente estará sujeito a mudanças. Pois tudo o que é temporal muda. Se a
nossa felicidade está associada ao tempo, certamente ela está ameaçada, pois o
tempo passa. É preciso, como diz Agostinho, que se “procure um bem permanente,
livre das variações da sorte e das vicissitudes da vida”. Uma pessoa não pode
ter felicidade absoluta quando o bem que ela tem está ligado ao tempo, pois o
tempo passa e, obviamente, essa felicidade passará.
Muitos buscam felicidade
absoluta na pessoa amada: esposo, esposa, noivo, noiva, namorado, namorada,
“ficante”, “orante”, etc. Outros depositam sua felicidade em casas, carros,
saúde, dinheiro, viagens, bens, etc. Mas tais pessoas e coisas estão ligadas ao
tempo, se assim é, então, é felicidade passageira. Agostinho dirá que “aquele
que os ama e os possui não pode ser feliz de modo absoluto”. Todos os bens
criados não são coeternos com Deus, portanto não podem trazer felicidade absoluta.
Assim, a felicidade deve se encontrar num bem permanente, não sujeito à mudança
e, portanto, eterno.
Então, qual o bem que
precisamos buscar? Nosso bem maior é Cristo, nossa felicidade deve estar em
Cristo. É no Ser Absoluto, o Deus Altíssimo, que a nossa felicidade deve
residir.
O bom é que em Cristo,
todas as outras coisas nos são acrescentadas.
Em 2013 busque o Bem
Supremo, o Sumo Bem, o Senhor Criador da terra e céus e de tudo o que neles
podem ser encontrados. E certamente, todas as outras coisas completarão nosso
ano, que, por ser tempo, é passageiro.
Feliz 2013!!!!!