DIA
DO TRABALHO: UM PEQUENO TRABALHO SOBRE O TRABALHO
Pr. Gilson Soares dos
Santos
Hoje é Dia do Trabalho. Hoje é Dia do Trabalhador. Fiz uma pequena consulta
a Enciclopédia Histórico Teológica da
Igreja Cristã e encontrei esse verbete sobre o Trabalho. Aproveito para
postá-lo aqui.
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TRABALHO
Em todas as partes da Bíblia há
muitas referências ao trabalho, sendo que as palavras usadas para designá-lo são
divididas em duas classes. Há o termo que não tem nenhuma implicação moral nem
física, como, por exemplo, quando Deus trabalha na Criação, ou quando há uma
referência geral aos trabalhos do homem nesta vida. bfíS'ká (Gn
2.2; Ex 20.9; 1 Cr 4.23; Ag 1.14) emaaèeh (Gn 5.29; Ex 5.13; Pv
16.3; Ec 1.14) em hebraico e ergon em grego são as palavras
usuais empregadas com esse propósito. Há, no entanto, outras palavras - /®g/a'
(Gn 31.42; Dt 28.33; SI 128.2; Is 55.2; Ez 23.29) e (SI 90.10; Ec 1.3; 2.10; Jr
20.18) no AT, e kopos no NT (Mt 11.28; Jo 4.38; 1 Co 4.12; 15.58;
1 Ts 1.3; 2 Ts 3.8) que subentendem canseira, luta e tristeza.
O trabalho e a labuta nunca são
considerados maus em si mesmos; pelo contrário, são considerados a ocupação
mental do homem no mundo. Mesmo no seu estado de inocência, 0 homem, como o ápice
da Criação, o representante de toda a Criação diante de Deus (Gn 2.15ss.),
recebeu o trabalho para realizar como parte da sua existência normal. Esse fato
é contrário a boa parte do pensamento moderno que adota a atitude de que o
homem deve considerar o trabalho como coisa maligna que precisa, se possível,
ser evitado.
A Bíblia repete continuamente, ao
mesmo tempo, que o pecado do homem corrompeu e degradou o trabalho. Gn 3.17-18
declara especificamente que o trabalho, por causa do pecado, muda de caráter e
se torna a causa da desintegração física final do homem. Parece ser essa a razão
pela qual o trabalho, em trechos subsequentes da Bíblia, frequentemente
incorpora a idéia da fadiga. De fato, é esse o tema de Eclesiastes, onde o
pregador declara que todo o trabalho que 0 homem realiza debaixo de sol é
vaidade. O homem, sendo pecador, trabalha visando exclusivamente alvos
mundanos, e o resultado é um senso de frustração e desespero, porque ele acabará
desaparecendo desta terra e seu trabalho com ele (Ec 2). Somente quando ele
interpretar o seu trabalho à luz da eternidade é que sua compreensão desse fato
irá mudar.
Porém, mesmo o homem pecaminoso
possui grandes dons e capacidades com que pode subjugar e usar o mundo físico.
Em Ex 31.1ss.; Jz 3.10 (cf. também Is 45); e muitos outros lugares é declarado
que o Espírito Santo dá essas capacidades aos homens. Além disso, é declarado
que certos personagens no AT receberam dons especiais de Deus que os
qualificariam para realizar o seu trabalho: os Juizes, Saul e até mesmo o rei
pagão Ciro (Jz 3.10; 1 Sm 10.6-7; Is 45). Os escritores do NT subentendem o
ponto de vista do AT, mas 0 ressaltam especificamente em conexão com os dons e
as capacidades que os membros da igreja possuem (1 Co 12; Ef 4.11 ss.). Além
disso, enfatizam continuamente que Deus chama todos os homens para trabalhos e
posições na vida por meio dos quais devem servi-IO. Embora essa doutrina apareça
no AT, como no caso de Ester (Et 4.13-14), 0 apóstolo Paulo a repete com grande
freqüência nos seus escritos (Ef 6.5ss.; 1 Tm 6.1-2; Fm).
O trabalho, no entanto, mesmo quando
um homem é ricamente dotado, não poderá ser outra coisa senão algo vazio em última
análise, a não ser que ele reconheça que o seu verdadeiro propósito é
glorificar a Deus. Paulo deixa bem clara essa doutrina ao falar tanto aos
servos como aos senhores (Ef 6.5ss.; 1 Tm 6.1-2), resumindo tudo nas suas
instruções aos cristãos: “sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm
12.11) e na sua exaltação: "Fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co
10.31).
Na prática, esse conceito de
trabalho significa que o cristão sempre deve considerar o seu trabalho como uma
tarefa divinamente determinada, na qual, ao cumprir a sua vocação, está
servindo a Deus. Dele é exigido, portanto, que seja honesto e diligente em tudo
quanto fizer, quer seja empregado, quer seja patrão. É essa a lição central na
Parábola dos Talentos (Mt 25.15). Se ele for empregado, terá de ser fiel e
obediente, fazendo todas as coisas como ao Senhor (Ef 6.5ss.), ao passo que, se
for patrão, Deus colocará sobre ele a responsabilidade de tratar os empregados
com justiça e consideração. Deve pagá-los adequadamente e não defraudá-los do
seu salário, “porque digno é o obreiro do seu salário” (Lv 19.13; Dt 24.14; Am
5.8ss.; Lc 10.7; Cl 4.1; Tg 5.4-5). Todo o trabalho honesto, portanto, é
honroso e deve ser realizado como uma comissão divina para a glória eterna de
Deus (Ap 14.13).
W. S. REID
FONTE:
ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico Teológica da Igreja Cristã. São Paulo: Vida
Nova. Volume Único. 2009. p.545.