PARA VIVERMOS O
EVANGELHO PURO E SIMPLES PRECISAMOS ACABAR COM AS DENOMINAÇÕES?
Hoje separei
um artigo, de autoria de John Piper, encontrado no Blog VOLTEMOS AO EVANGELHO,
cujo link você pode encontrar no final da postagem, onde o autor, recorrendo a
C. S. Lewis, trata sobre o cristianismo puro e simples e a questão das
denominações.
É um
excelente artigo, aproveite e seja edificado.
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“CRISTIANISMO
PURO E SIMPLES” SIGNIFICA “SEM DENOMINAÇÕES”?
John Piper
Durante muitos anos minha convicção tem sido que a
unidade cristã e a verdade cristã são melhores servidas não pela eliminação das
cercas, mas pelo amor aos que estão do outro lado e pelos portões de boas
vindas. Eu não digo que faço isso perfeitamente. Eu quero fazê-lo melhor.
A questão é que minimizar a verdade, polir as arestas,
mesclar tudo em uma massa indistinguível, focar em oração, serviço e missão em
vez da verdade — nada disso produz unidade que honra a verdade, que cria
comunidades robustas ou que resiste durante gerações.
Isto acontece melhor quando vivemos bem em nossas
comunidades de convicção e amamos bem mesmo entre as linhas de convicção.
Lewis concordaria?
Será que C. S. Lewis concordaria com isso? Não foi ele
quem escreveu “Cristianismo Puro e Simples”? Isso não implica que deveríamos
deixar de lado nossas diferenças denominacionais e viver na unidade visível do
“Cristianismo Puro e Simples”
Você pode se surpreender com o que Lewis quer dizer
nessa frase. Mas ele nos fala claramente. O que segue é um trecho (em itálico)
da introdução a “Cristianismo Puro e Simples” (1943, xi-xii) dividida em seções
com os meus comentários.
Não É Uma Alternativa
Aos Credos
Espero que nenhum leitor suponha que
“Cristianismo Puro e Simples” se apresenta aqui como uma alternativa aos credos
das distintas confissões, como se um homem pudesse adotá-la em preferência ao
Congregacionalismo ou À Ortodoxia Grega ou a qualquer outra coisa.
Quando Lewis escreve sobre o cristianismo puro e
simples ele não está criticando denominações cristãs. Na verdade, ele diz não é
como se uma pessoa “pudesse” fazer do cristianismo puro e simples um lugar para
se posicionar. Seria como dizer que a camisa que visto não é uma camisa sem
mangas, com mangas curtas ou mangas longas. É apenas uma camisa.
O Saguão de Entrada
[O cristianismo “puro e simples”] é como
um saguão de entrada que se comunica com as diversas peças da casa. Se eu
conseguir trazer alguém até este saguão, terei cumprido o objetivo a que me
propus. Porém, é nos cômodos da casa, e não no saguão, que estão a lareira e as
cadeiras e são servidas as refeições.
Lewis amava a Igreja da Inglaterra. Era a sua casa
denominacional. Mas ele não via a sua chamada como sendo uma advocacia do
Anglicanismo. Sua chamada era levar pessoas a entrar na sala de estar do Cristianismo.
E ele sabia que o saguão não era um lugar no qual deveríamos viver.
Esse é o equívoco que muitos cometem a respeito de Lewis. Ele não era
ecumênico no sentido de liderar as pessoas na saída dos quartos denominacionais
em direção a sala de unidade. Seu espírito ecumênico consistia, como veremos
mais adiante, no amor entre os quartos e não no esvaziamento dos quartos em
direção ao saguão de entrada.
Os quartos denominacionais são onde estão a chaminé, as cadeiras e as
refeições. Em outras palavras, se você tentar viver no saguão de entrada, você
vai ficar sem aquecimento, descanso e comida. Cristianismo Puro e Simples não é
um Cristianismo vivido. Tentar fazer dele uma vida é como tentar comer mera
comida sem comer verduras, frutas nem carne.
Não Fique no Saguão
O saguão é uma sala de espera, um lugar a partir do qual se
podem abrir as várias portas, e não um lugar de moradia. Para morar, segundo
creio, o pior dos cômodos (seja lá qual for) será preferível.
Ele é tão claro a respeito da impropriedade do Cristianismo Puro e Simples
que ele diz que viver o melhor que puder na pior denominação cristã é melhor do
que viver no saguão.
Entre em um Quarto
É verdade que algumas pessoas podem ter de esperar na sala
de entrada por um tempo considerável … Você deve seguir orando para pedir luz:
e, é claro, até no saguão você deve tentar obedecer às regras que são comuns a
casa inteira. Acima de tudo, deve se perguntar continuamente qual das portas é
a verdadeira; não qual delas tem a pintura mais bonita ou possui os melhores
ornamentos. Em linguagem clara, a pergunta a ser feita não deve ser: “Será que
eu gosto desses rituais?”, mas sim: “São essas doutrinas verdadeiras? O sagrado
mora aqui? A minha consciência me move nessa direção”?
Essa é uma das razões pelas quais eu amo Lewis. Não há desordem dizendo
que todos os quartos são iguais. Ou que todos os quartos têm a mesma verdade de
ângulos diferentes. Ou que a experiência pessoal é a coisa principal, enquanto
afirmações da verdade são consideradas uma presunção humana. Ou que é impróprio
aos santos fazer julgamentos sobre qual denominação tem a verdade. Nada disso.
Não. Em vez disso há uma afirmação direta de que há de se realizar um
movimento crucial a partir do saguão do Cristianismo Puro e SImples para a
especificidade doutrinária de um quarto. Com esse objetivo, nossa tarefa
primária, uma vez que estamos na sala de entrada, é descobrir o quarto mais
próximo da verdade. Assim ele nos incentiva a “continuar orando para pedir luz.” E a “perguntar
qual quarto é o verdadeiro.”
E pesquisar, não se gostamos dos serviços, mas sim: “São essas
doutrinas verdadeiras?*”
De Que o Mundo Necessita
Quando você chegar ao seu cômodo, seja bondoso com as
pessoas que escolheram outras portas, bem como com as que ainda estão no
saguão. Se elas estão no erro, precisam ainda mais de suas preces; e, se forem
suas inimigas, você, como cristão, tem o dever de orar por elas. Esta é uma das
regras comuns à casa inteira.
Esse é o ecumenismo de Lewis. Faça o seu melhor para escolher um quarto
denominacional de acordo com a verdade bíblica. Em seguida, ame aqueles que
escolhem diferentemente, mesmo se eles se tornarem seus inimigos.
O que o mundo necessita da grande casa do Cristianismo não é que todas as
paredes entre os quartos sejam quebradas, mas que nos amemos em todos os modos
que a Bíblia diz, incluindo a defesa e a confirmação da verdade das Escrituras
como nós a vemos (Efésios 4:15).
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