A TRINDADE NO MONARQUIANISMO DINÂMICO
Pr.
Gilson Soares dos Santos
A doutrina bíblica da trindade foi, e ainda
continua sendo, motivo de controvérsias teológicas. Embora as Sagradas
Escrituras a apresente de maneira clara, nem todos têm a mesma compreensão
sobre o assunto. No decorrer da história da igreja cristã, teólogos, os mais
diversos, apresentaram noções a respeito dessa doutrina bíblica. Apresentaremos
aqui o que ensina o Monarquianismo Dinâmico.
1 – O
Monarquianismo Dinâmico
Esse ensino começou com Teodoto, mas
encontrou em Paulo de Samósata, Artemon, Socino e os modernos unitários
seguidores que tentaram, e ainda tentam, propagar esse ensino.
Vejamos como o Monarquianismo Dinâmico
apresenta seu ensino sobre a trindade:
A unidade de Deus
denota singularidade de natureza quanto singularidade de pessoa. Portanto, o
Filho e o Espírito Santo são consubstanciais com a essência divina do Pai,
somente como atributos impessoais. A Dynamis
divina veio sobre o homem Jesus, mas ele não era Deus no sentido estrito da
Palavra.
A noção de um Deus
subsistente é uma impossibilidade palpável, uma vez que a sua perfeita unidade
é perfeitamente indivisível. A “diversidade” de Deus é aparente, e não real, já
que o evento de Cristo e a obra do Espírito Santo somente atestam uma operação
dinâmica dentro de Deus, e não uma união hipostática.
Para eles, o Pai é o originador do universo.
Ele é eterno, auto existente, sem princípio ou fim.
O Filho, porém, embora seja um homem
virtuoso, em Cuja vida Deus estava dinamicamente presente de maneira singular,
era finito. Para esta linha de pensamento, Cristo não era divino, mas sua
humanidade foi deificada.
Quanto ao Espírito Santo, os monarquianistas
dinâmicos afirma que Ele é um atributo impessoal da divindade. Não atribui
nenhuma divindade ou eternidade ao Espírito Santo.
O Monarquianismo Dinâmico eleva a razão acima
do testemunho da revelação bíblica no que concerne à trindade. Segundo essa
corrente teológica Cristo não é Deus, o Espírito Santo não é Deus, com isso
minam a coluna teológica da doutrina bíblica da salvação.
O Monarquianismo Dinâmico é refutado como
heresia.
2 –
Provas Bíblicas da Doutrina da Trindade, segundo Louis Berkhof
Em sua Teologia Sistemática, Louis Berkhof
apresenta provas bíblicas da doutrina da trindade, refutando assim o
Monarquianismo Dinâmico, Vejamos:
2.
PROVA BÍBLICA DA DOUTRINA DA TRINDADE. A doutrina da Trindade depende
decisivamente da revelação. É verdade que a razão humana pode sugerir algumas
idéias para consubstanciar a doutrina, e que os homens, fundados em bases
puramente filosóficas, por vezes abandonaram a idéia de uma unidade nua e crua
em Deus, e apresentaram a idéia do movimento vivo e de auto-distinção. Também é
verdade que a experiência cristã parece exigir algo parecido com esta
construção da doutrina de Deus. Ao mesmo tempo, é uma doutrina que não teríamos
conhecido, nem teríamos sido capazes de sustentar com algum grau de confiança,
somente com base na experiência, e que foi trazida ao nosso conhecimento
unicamente pela auto-revelação especial de Deus. Portanto, é de máxima
importância reunir suas provas escriturísticas.
a.
Provas do Velho Testamento. Alguns dos primeiros pais da igreja, assim
chamados, e mesmo alguns teólogos mais recentes, desconsiderando o caráter
progressivo da revelação de Deus, opinaram que a doutrina da Trindade foi
revelada completamente no Velho Testamento. Por outro lado, o socinianos e os
arminianos eram de opinião que não há nada desta doutrina ali. Tanto aqueles
como estes estavam enganados. O Velho Testamento não contém plena revelação da
existência trinitária de Deus, mas contém várias indicações dela. É exatamente
isto que se poderia esperar. A Bíblia nunca trata da doutrina da Trindade como
uma verdade abstrata, mas revela a subsistência trinitária, em suas várias
relações, como uma realidade viva, em certa medida em conexão com as obras da
criação e da providência, mas particularmente em relação à obra de redenção.
Sua revelação mais fundamental é revelação dada com fatos, antes que com
palavras. E esta revelação vai tendo maior clareza, na medida em que a obra
redentora de Deus é revelada mais claramente, como na encarnação do Filho e no
derramamento do Espírito.E quanto mais a gloriosa realidade da Trindade é
exposta nos fatos da história, mais claras vão sendo as afirmações da doutrina.
Deve-se a mais completa revelação da Trindade no Novo Testamento ao fato de que
o Verbo se fez carne, e que o Espírito Santo fez da igreja Sua habitação.
Têm-se
visto, por vezes, provas da Trindade na distinção entre Jeová e Elohim, e
também no Plural Elohim, mas a primeira não tem nenhum fundamento, e a última
é, para dizer o mínimo, duvidosa, embora ainda defendida por Rottenberg, em sua
obra sobre De Triniteit in Israels Godsbegrip éÉ muito mais plausível
entender que as passagens em que Deus fala de Si mesmo no plural, Gn 1.26;
11.7, contêm uma indicação de distinções pessoais em Deus, conquanto não
surgiram uma triplicidade, mas apenas uma pluralidade de pessoas. Indicações
mais claras dessas distinções pessoais acham-se nas passagens que se referem ao
Anjo de Jeová que, por um lado, é identificado com Jeová e, por outro,
distingue-se dele. Ver Gn 16.7-13; 18.1.21; 19.1-28; Ml 3.1. E também nas
passagens em que a Palavra e a Sabedoria de Deus são personificadas, Sl 33.4,
6; Pv 8.12-31. Em alguns casos mencionam-se mais de uma pessoa, Sl 33.6; 45.6,
7 (com. Hb 1.8,9), e noutros quem fala é Deus, que menciona o Messias e o
Espírito, ou quem fala é o Messias, que menciona Deus e o Espírito, Is 48.16;
61.1; 63. 9,10. Assim, o Velho Testamento contém clara antecipação da revelação
mais completa da Trindade no Novo Testamento.
b.
Provas do Novo Testamento. O Novo Testamento traz consigo uma revelação
mais clara das distinções da Divindade. Se no Velho Testamento Jeová é
apresentado como o Redentor e Salvador do Seu povo, Jó 19.25; Sl 19.14; 78.35;
106.21; Is 41.14; 43.3, 11, 14; 47.4; 49.7, 26; 60.16; Jr 14.3; 50.14; Os 13.3,
no Novo Testamento e o Filho de Deus distingue-se nessa capacidade, Mt 1.21; Lc
1.76-79; 2.17; Jo 4,42; At 5.3; Gl 3.13; 4.5; Fl 3.30; Tt 2.13, 14. E se no
Velho Testamento é Jeová que habita em Israel e nos corações dos que O temem, Sl
74.2; 135.21; Is 8.18; 57.15; Ez 43.7-9; Jl 3.17, 21; Zc 2.10, 11, no Novo
testamento é o Espírito Santo que habita na igreja, At 2.4; Rm 8.9, 11; 1 Co
3.16; Gl 4.6; Ef 2.22; Tg 4.5 O Novo Testamento oferece clara revelação de Deus
enviando Seu filho ao mundo, Jo 3.16; Gl 4.4; Hb 1.6; 1 Jo 4.9; e do pai e
Filho enviando o Espírito, Jo 14.26; 15.26; 16.7; Gl 4.6. Vemos o pai
dirigindo-se ao Filho, Mc 1.11; Lc 3.22, o Filho comunicando-se com o Pai, Mt
11.25, 26; 26.39; Jo 11.41; 12.27, 28, e o Espírito Santo orando a Deus nos
corações dos crentes, Rm 8.26. Assim, as pessoas da Trindade, separadas, são
expostas com clareza às nossas mentes. No batismo do Filho, o pai fala,
ouvindo-se do céu a Sua voz, e o Espírito Santo desce na forma de pomba, Mt
3.16, 17. Na grande comissão Jesus menciona as três pessoas: “batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, Mt 28.19. Também são mencionadas
juntamente em 1 Co 12. 4-6; 2 Co 13.13; e 1 Pe 1.2. A única passagem que fala
de tri-unidade é 1.Jo 5.7, mas sua genuinidade é duvidosa, razão pela qual foi
eliminada das mais recentes edições críticas do Novo Testamento.
A trindade é uma doutrina
baseada na clareza das Sagradas Escrituras.
PARA SABER MAIS – BIBLIOGRAFIA
BERKHOF, Louis. Teologia sistemática.
2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
HOUSE, H. Wayne. Teologia em Quadros. São Paulo: Vida, 2000.