O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

15 de agosto de 2013

A Trindade no Monarquianismo Dinâmico

A TRINDADE NO MONARQUIANISMO DINÂMICO
 
Pr. Gilson Soares dos Santos
 
A doutrina bíblica da trindade foi, e ainda continua sendo, motivo de controvérsias teológicas. Embora as Sagradas Escrituras a apresente de maneira clara, nem todos têm a mesma compreensão sobre o assunto. No decorrer da história da igreja cristã, teólogos, os mais diversos, apresentaram noções a respeito dessa doutrina bíblica. Apresentaremos aqui o que ensina o Monarquianismo Dinâmico.
 
1 – O Monarquianismo Dinâmico
 
Esse ensino começou com Teodoto, mas encontrou em Paulo de Samósata, Artemon, Socino e os modernos unitários seguidores que tentaram, e ainda tentam, propagar esse ensino.
 
 Vejamos como o Monarquianismo Dinâmico apresenta seu ensino sobre a trindade:
 
A unidade de Deus denota singularidade de natureza quanto singularidade de pessoa. Portanto, o Filho e o Espírito Santo são consubstanciais com a essência divina do Pai, somente como atributos impessoais. A Dynamis divina veio sobre o homem Jesus, mas ele não era Deus no sentido estrito da Palavra.
A noção de um Deus subsistente é uma impossibilidade palpável, uma vez que a sua perfeita unidade é perfeitamente indivisível. A “diversidade” de Deus é aparente, e não real, já que o evento de Cristo e a obra do Espírito Santo somente atestam uma operação dinâmica dentro de Deus, e não uma união hipostática.
 
Para eles, o Pai é o originador do universo. Ele é eterno, auto existente, sem princípio ou fim.
 
O Filho, porém, embora seja um homem virtuoso, em Cuja vida Deus estava dinamicamente presente de maneira singular, era finito. Para esta linha de pensamento, Cristo não era divino, mas sua humanidade foi deificada.
 
Quanto ao Espírito Santo, os monarquianistas dinâmicos afirma que Ele é um atributo impessoal da divindade. Não atribui nenhuma divindade ou eternidade ao Espírito Santo.
 
O Monarquianismo Dinâmico eleva a razão acima do testemunho da revelação bíblica no que concerne à trindade. Segundo essa corrente teológica Cristo não é Deus, o Espírito Santo não é Deus, com isso minam a coluna teológica da doutrina bíblica da salvação.
 
O Monarquianismo Dinâmico é refutado como heresia.
 
2 – Provas Bíblicas da Doutrina da Trindade, segundo Louis Berkhof
 
Em sua Teologia Sistemática, Louis Berkhof apresenta provas bíblicas da doutrina da trindade, refutando assim o Monarquianismo Dinâmico, Vejamos:
 
2. PROVA BÍBLICA DA DOUTRINA DA TRINDADE. A doutrina da Trindade depende decisivamente da revelação. É verdade que a razão humana pode sugerir algumas idéias para consubstanciar a doutrina, e que os homens, fundados em bases puramente filosóficas, por vezes abandonaram a idéia de uma unidade nua e crua em Deus, e apresentaram a idéia do movimento vivo e de auto-distinção. Também é verdade que a experiência cristã parece exigir algo parecido com esta construção da doutrina de Deus. Ao mesmo tempo, é uma doutrina que não teríamos conhecido, nem teríamos sido capazes de sustentar com algum grau de confiança, somente com base na experiência, e que foi trazida ao nosso conhecimento unicamente pela auto-revelação especial de Deus. Portanto, é de máxima importância reunir suas provas escriturísticas.
 
a. Provas do Velho Testamento. Alguns dos primeiros pais da igreja, assim chamados, e mesmo alguns teólogos mais recentes, desconsiderando o caráter progressivo da revelação de Deus, opinaram que a doutrina da Trindade foi revelada completamente no Velho Testamento. Por outro lado, o socinianos e os arminianos eram de opinião que não há nada desta doutrina ali. Tanto aqueles como estes estavam enganados. O Velho Testamento não contém plena revelação da existência trinitária de Deus, mas contém várias indicações dela. É exatamente isto que se poderia esperar. A Bíblia nunca trata da doutrina da Trindade como uma verdade abstrata, mas revela a subsistência trinitária, em suas várias relações, como uma realidade viva, em certa medida em conexão com as obras da criação e da providência, mas particularmente em relação à obra de redenção. Sua revelação mais fundamental é revelação dada com fatos, antes que com palavras. E esta revelação vai tendo maior clareza, na medida em que a obra redentora de Deus é revelada mais claramente, como na encarnação do Filho e no derramamento do Espírito.E quanto mais a gloriosa realidade da Trindade é exposta nos fatos da história, mais claras vão sendo as afirmações da doutrina. Deve-se a mais completa revelação da Trindade no Novo Testamento ao fato de que o Verbo se fez carne, e que o Espírito Santo fez da igreja Sua habitação.
Têm-se visto, por vezes, provas da Trindade na distinção entre Jeová e Elohim, e também no Plural Elohim, mas a primeira não tem nenhum fundamento, e a última é, para dizer o mínimo, duvidosa, embora ainda defendida por Rottenberg, em sua obra sobre De Triniteit in Israels Godsbegrip éÉ muito mais plausível entender que as passagens em que Deus fala de Si mesmo no plural, Gn 1.26; 11.7, contêm uma indicação de distinções pessoais em Deus, conquanto não surgiram uma triplicidade, mas apenas uma pluralidade de pessoas. Indicações mais claras dessas distinções pessoais acham-se nas passagens que se referem ao Anjo de Jeová que, por um lado, é identificado com Jeová e, por outro, distingue-se dele. Ver Gn 16.7-13; 18.1.21; 19.1-28; Ml 3.1. E também nas passagens em que a Palavra e a Sabedoria de Deus são personificadas, Sl 33.4, 6; Pv 8.12-31. Em alguns casos mencionam-se mais de uma pessoa, Sl 33.6; 45.6, 7 (com. Hb 1.8,9), e noutros quem fala é Deus, que menciona o Messias e o Espírito, ou quem fala é o Messias, que menciona Deus e o Espírito, Is 48.16; 61.1; 63. 9,10. Assim, o Velho Testamento contém clara antecipação da revelação mais completa da Trindade no Novo Testamento.
 
b. Provas do Novo Testamento. O Novo Testamento traz consigo uma revelação mais clara das distinções da Divindade. Se no Velho Testamento Jeová é apresentado como o Redentor e Salvador do Seu povo, Jó 19.25; Sl 19.14; 78.35; 106.21; Is 41.14; 43.3, 11, 14; 47.4; 49.7, 26; 60.16; Jr 14.3; 50.14; Os 13.3, no Novo Testamento e o Filho de Deus distingue-se nessa capacidade, Mt 1.21; Lc 1.76-79; 2.17; Jo 4,42; At 5.3; Gl 3.13; 4.5; Fl 3.30; Tt 2.13, 14. E se no Velho Testamento é Jeová que habita em Israel e nos corações dos que O temem, Sl 74.2; 135.21; Is 8.18; 57.15; Ez 43.7-9; Jl 3.17, 21; Zc 2.10, 11, no Novo testamento é o Espírito Santo que habita na igreja, At 2.4; Rm 8.9, 11; 1 Co 3.16; Gl 4.6; Ef 2.22; Tg 4.5 O Novo Testamento oferece clara revelação de Deus enviando Seu filho ao mundo, Jo 3.16; Gl 4.4; Hb 1.6; 1 Jo 4.9; e do pai e Filho enviando o Espírito, Jo 14.26; 15.26; 16.7; Gl 4.6. Vemos o pai dirigindo-se ao Filho, Mc 1.11; Lc 3.22, o Filho comunicando-se com o Pai, Mt 11.25, 26; 26.39; Jo 11.41; 12.27, 28, e o Espírito Santo orando a Deus nos corações dos crentes, Rm 8.26. Assim, as pessoas da Trindade, separadas, são expostas com clareza às nossas mentes. No batismo do Filho, o pai fala, ouvindo-se do céu a Sua voz, e o Espírito Santo desce na forma de pomba, Mt 3.16, 17. Na grande comissão Jesus menciona as três pessoas: “batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, Mt 28.19. Também são mencionadas juntamente em 1 Co 12. 4-6; 2 Co 13.13; e 1 Pe 1.2. A única passagem que fala de tri-unidade é 1.Jo 5.7, mas sua genuinidade é duvidosa, razão pela qual foi eliminada das mais recentes edições críticas do Novo Testamento.
 
A trindade é uma doutrina baseada na clareza das Sagradas Escrituras.
 
 PARA SABER MAIS – BIBLIOGRAFIA
 
 BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
 HOUSE, H. Wayne. Teologia em Quadros. São Paulo: Vida, 2000.