O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

19 de julho de 2013

Quem foi Melquisedeque? Eles respondem

QUEM FOI MELQUISEDEQUE? ELES RESPONDEM

Pr. Gilson Soares dos Santos

Melquisedeque é um dos personagens bíblicos que mais chamam a atenção. Seu nome aparece nas páginas sagradas nos seguintes textos: Gênesis 14.18; Salmos 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17, mas sempre deixa algumas interrogações na mente dos leitores do texto sagrado.

Separei respostas de teólogos e pregadores sobre quem é melquisedeque. Coloquei em forma de pergunta (feita por mim) e respostas (retiradas dos escritos de teólogos e pregadores). Então vamos aprender o que eles dizem sobre Melquisedeque.

PRIMEIRA ENTREVISTA: AUTORES DO DICIONÁRIO BÍBLICO WYCLIFFE: CHARLES F. PFEIFFER, HOWARD F. VOS E JOHN REA

PR. GILSON: Onde Melquisedeque é mencionado na Bíblia?

AUTORES DO WYCLIFFE: Em hebraico malkisedeq ou “rei da justiça”, é mencionado em Gênesis 14.18; Salmos 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17.

PR. GILSON: Quem era ele?

AUTORES DO WYCLIFFE: No livro de Gênesis ele é um rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abraão quando este retornou depois de salvar Ló, e a quem Abraão pagou o dízimo do espólio da batalha. Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado com um anjo (Orígenes), com o Espírito Santo (Epifânio), com o Senhor Jesus Cristo (Ambrósio), com Enoque (Calmet) e Sem (Targuns, Jerônimo, Lutero) et. al.

PR. GILSON: Qual seria, então, a religião de Melquisedeque?

AUTORES DO WYCLIFFE: Quanto à religião, ele era “sacerdote do Deus Altíssimo” (el ‘elyon). Os textos de Ras Shamra mostraram que as cidades cananéias tinham sumo sacerdotes na primeira metade do segundo milênio a.C., e que Idrimi, rei de Alalakh, ao norte da Síria, em aprox. 1500 a.C., era o representante pessoal do seu deus e aquele que oficiava no santuário. Dessa forma, o relato de Gênesis não precisa ser considerado anacrônico. Não existe qualquer concordância sobre o fato de Melquisedeque ser um adorador de Jeová ou de Baal.

(PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. Rio de Janeiro. CPAD. 2006. p.1247-48.)

SEGUNDA ENTREVISTA: NORMAN GEISLER E THOMAS HOWE

PR. GILSON: O que a Bíblia nos diz sobre Melquisedeque?

GEISLER E HOWE: Com base em Hebreus 7, alguns têm interpretado Melquisedeque como tendo sido um anjo ou até mesmo como uma aparição de Cristo. Isso não é provável, já que o autor de hebreus apresenta Melquisedeque como sendo um tipo de Cristo. Em Gênesis, Melquisedeque é apresentado de maneira usual e histórica. Ele encontra-se com Abraão e com ele conversa normalmente. Não há razão, seja arqueologia ou de qualquer outra origem, para que se questione quanto a personalidade histórica de Melquisedeque.

PR. GILSON: O escritor aos Hebreus diz que Melquisedeque não teve pai nem mãe, não teve princípio nem fim de dias e foi feito semelhante ao Filho de Deus, o que significa tudo isto?

GEISLER E HOWE: Hebreus nos diz que Melquisedeque “não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus... permanece sacerdote perpetuamente” (Hb 7.3). Como Jesus assumiu esse sacerdócio (7.21), alguns que aceitam a reencarnação usam a passagem citada para provar que ele é uma reencarnação de Melquisedeque. Será que eles têm razão? Não, isso é um mau uso dessa passagem, o que está claro por diversas razões. Em primeiro lugar, ela diz apenas que Melquisedeque foi “feito semelhante” a Jesus, e não diz que Jesus era Melquisedeque (Hb 7.3). Em segundo lugar, diz apenas que Cristo foi um sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.17), e não que ele era Melquisedeque. Finalmente, o fato de que Melquisedeque tenha sido misterioso em seu nascimento e morte, sem genealogia (Hb 7.3), não prova a reencarnação – isso foi usado apenas como uma analogia ao eterno Messias, Jesus Cristo.

(GEISLER. Norman; HOWE. Thomas, Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão. 1999. pp. 51-52, 521-522).

TERCEIRA ENTREVISTA: AUTORES DO COMENTÁRIO BÍBLICO AFRICANO, NA PESSOA DE SEU EDITOR TOKUNBOH ADEYEMO

PR. GILSON: Melquisedeque é Jesus?

ADEYEMO: É possível que Melquisedeque fosse apenas um líder local de Salém (chamada posteriormente de Jerusalém) e um jebuseu (pois, mais tarde, Jerusalém ficou sob o controle dos jebuseus – 2Sm 5:6-7).

PR. GILSON: Será que ele era apenas um líder local? Pois os textos bíblicos lhe dão destaque.

ADEYEMO: Tendo em vista a aparição repentina de um sacerdote misterioso do Deus verdadeiro chamado por um nome que significa “rei da retidão”, não é de surpreender a fascinação que exerceu sobre gerações posteriores. Davi se refere a ele como representante de uma ordem especial de sacerdotes “segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). Os autores do NT, especialmente o autor de Hebreus, apresentam-no como símbolo da identidade de Cristo em seu papel de sacerdote (Hb 5.6,10; 6.20; 7.11). O fato de ele simplesmente aparecer e desaparecer sem nenhum detalhe histórico a seu respeito levou o autor de Hebreus a descrevê-lo como “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus [...], permanece sacerdote perpetuamente” (Hb 7:3). Essas referências levaram algumas pessoas a imaginar se é suficiente considerar Melquisedeque apenas rei de Salém, um líder local. Assim, há quem acredite que, como “rei de Salém” significa “rei da paz” (Hb 7.2a), e Melquisedeque pode ser traduzido como “rei da justiça” (Hb 7.2b), trata-se, então, do próprio Cristo numa aparição pré-encarnada. Conforme outro ponto de vista, Melquisedeque é um título usado para Sem, que talvez ainda estivesse vivo na época, caso tivesse chegado a 600 anos, quando saiu ao encontro de seu descendente Abrão. De acordo com essa linha de raciocínio, a “ordem” sacerdotal à qual Melquisedeque pertence se estendeu de Sem, passando por Judá, até Cristo.

PR. GILSON: O que mais é possível destacarmos em Melquisedeque?

ADEYEMO: Ele é a primeira pessoa mencionada na Bíblia com o título de “sacerdote”, e é descrito como sacerdote do Deus Altíssimo (14.18b). Além disso, Melquisedeque abençoou Abrão, numa oração em que primeiro pediu bênçãos sobre Abrão e depois louvou a Deus por entregar os inimigos de Abrão em suas mãos (14.19-20a).

(ADEYEMO. Tokunboh (editor geral), Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Mundo Cristão. 2010. P. 33-34; 1537-1538.).

QUARTA ENTREVISTA: GLEASON ARCHER

PR. GILSON: Melquisedeque foi uma pessoa histórica real ou uma figura mitológica?

ARCHER: O relato de Gênesis 14.18-20 parece um episódio eminentemente histórico, da mesma forma que é real o resto do capítulo. A passagem nos fala da existência de um rei-sacerdote de Salém (isto é, Jerusalém, com toda a probabilidade) chamado Melquisedeque, o qual se achou na obrigação de saudar Abraão que voltava da guerra do morticínio dos reis da Mesopotâmia, invasores, entre Dã e Hobá (v. 15) e suprir-lhe as provisões para seus soldados fatigados da guerra. Deu-lhe os parabéns pela vitória heróica e derramou uma bênção sobre ele, em nome do “Deus Altíssimo” (‘El ‘Elyôn) – título jamais aplicado nas Escrituras a alguém, exceto ao próprio Iavé. É óbvio que Melquisedeque era um verdadeiro crente que havia permanecido fiel ao culto ao autêntico e único Deus (da mesma forma que Jó e seus conselheiros do norte da Arábia; Jetro, o sogro de Moisés; e Balaão, vindo de Petor no vale do Eufrates). O testemunho de Noé e de seus filhos evidentemente fora mantido em outras partes do Oriente Médio, além de Ur e Harã.

PR. GILSON: O escritor aos Hebreus diz que ele não tinha pai nem mãe, não tinha princípio de dias nem fim de dias e foi feito semelhante ao Altíssimo, Melquisedeque é Jesus Cristo pré-encarnado?

ARCHER: Houve, todavia, um aspecto de grande importância a respeito da maneira como Melquisedeque foi colocado dentro dessa narrativa: seus pais não são mencionados, não havendo declaração alguma a respeito de seu nascimento e morte. A razão dessa falta de informações se torna clara em Hebreus 7.3: “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito à semelhança do Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente”. O contexto esclarece que Melquisedeque entrou em cena como um tipo do Messias, o Senhor Jesus. A fim de salientar essa característica típica desse sumo sacerdote, o registro bíblico de propósito omite a menção de seu nascimento, filiação, parentesco e linha genealógica. Isso não quer dizer que ele não teve pai – e é certo que sua mãe, Maria, é mencionada nos evangelhos, nem que ele jamais nascera (pois até Cristo, em sua forma humana, teve seu natal). É que o aparecimento dramático e repentino de Melquisedeque ficou mais saliente quando ele foi apresentado como porta voz do Senhor a Abraão, servindo como arquétipo do futuro Cristo, que derramaria bênçãos sobre o povo de Deus.

PR. GILSON: Eu vou insistir na pergunta, quem era Melquisedeque? Um anjo? Cristo pré-encarnado? Ou era um rei comum daquelas regiões?

ARCHER: A despeito das tradições fantasiosas mantidas e ensinadas por alguns rabinos (que apareceram bem cedo, ao surgir a seita de Qumran – cf. Fragmento de Melquisedeque da caverna 11), segundo a qual Melquisedeque teria sido uma espécie de anjo ou ser sobrenatural, os dados da própria Escritura apontam com clareza para a historicidade desse homem como sendo o rei de Jerusalém, nos dias de Abraão. Sua descrição em Hebreus 7.3 como apator, ametor, agenealogetos (“sem pai, sem mãe e sem genealogia”) não pode significar que Melquisedeque jamais teve pais, nem linha de ancestrais, visto que ele era um tipo de Jesus Cristo, a respeito de quem nenhum dessas palavras é literalmente verdadeira. Antes, esses versículo simplesmente significa que nenhum desses itens de informação foi concluído no registro de Gênesis 14, e foram omitidos, de propósito, a fim de enfatizar a natureza divina e a impossibilidade de o Messias, o antítipo, vir a perecer.

(ARCHER. Gleason, Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas. São Paulo: Vida. 1998. pp. 98-99)

QUINTA ENTREVISTA: JOHN MACARTHUR JR

PR. GILSON: Sobre a pessoa de Melquisedeque, temos poucos detalhes biográficos, quem era Melquisedeque?

MACARTHUR: A falta de detalhes biográficos e genealógicos desse governante, cujo nome significa “rei justo” e que era sumo sacerdote da antiga Jerusalém, foi mais tarde, com base em outras revelações, identificado como um tipo de Cristo (cf. Sl 110.4; Hb 7.17,21).

PR. GILSON: Quando o texto de Hebreus 7.3 diz que ele não teve pai nem mãe, não teve princípio nem fim de existência, será que Melquisedeque não é o próprio Cristo?

MACARTHUR: Sua parentela e origem são desconhecidos porque era irrelevantes para o exercício do seu sacerdócio. Ao contrário de algumas interpretações, Melquisedeque teve um pai e uma mãe. A antiga Peshita siríaca fornece uma tradução mais preciosa do que a expressão grega queria dizer: “cujo pai e mãe não estão escritos em genealogias”.

PR. GILSON: Quanto a expressão em Hebreus 7.3 “feito semelhante ao Filho de Deus”, quem pode ser semelhante a Cristo, senão ele mesmo?

MACARTHUR: “Feito à semelhança de”; esta palavra não é usada em nenhuma outra passagem do NT. A implicação é que a semelhança com Cristo está na maneira como a história de Melquisedeque é relatada no AT, e não no próprio Melquisedeque. Ele não foi o Cristo pre-encarnado, como defendem alguns, mas foi semelhante a Cristo no sentido de que o seu sacerdócio foi universal., real, justo, pacífico e interminável.

(JR, John Macarhtur. Bíblia de Estudo Macarthur. BARUERI: SBB. 2010. p. 35 e1698.)