PARA O DIA DA BÍBLIA
COMO A BÍBLIA FOI
PREPARADA
Pr. Gilson Soares dos Santos
Quando
estudamos a Bíblia como um LIVRO, precisamos ter informações sobre seu
contexto, suas divisões e materiais que foram usados em sua elaboração. Por
isso, estudaremos sobre o processo de escrita da Bíblia.
I_ Materiais empregados para preparação da
Bíblia
1.1_ Materiais para escrita
"A
impossibilidade de recuperar muitos dos antigos manuscritos (um manuscrito é,
neste sentido, uma cópia à mão das Escrituras) se deve basicamente aos
materiais perecíveis empregados na escrita da Bíblia.”.
a)_ Papiro
“O papiro é
uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados, no Oriente
Próximo, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta existe ainda hoje no
Sudão, na Galiléia Superior e no vale de Sarom. As tiras extraídas do papiro
eram coladas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão. Este
material gráfico primitivo é mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo
2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2. Em certas versões da Bíblia, o papiro é mencionado
como junco; de fato, é um tipo de junco de grandes proporções. De papiro,
deriva-se a nossa palavra papel. Seu uso na escrita vem de 3.000
a.C.”.
“Esse junco
crescia nos rios e lagos de pouca profundidade, existentes no Egito e na Síria.
Grandes carregamentos de papiros eram despachados através do porto sírio de
Byblos. Supõe-se que a palavra grega para livro (biblos) tenha origem no
nome desse porto. A palavra portuguesa "papel" vem da palavra
grega papyros, isto é, papiro.”.
“Na
Antiguidade, essa planta crescia principalmente no Egito e nos limites norte do
Jordão. [..] Seus longos caules triangulares, medindo de 1 a 3 metros,
terminavam em flores com a forma de sino. Essa planta era usada para fazer
diversos artigos, inclusive barcos (Ex 2.3, a cesta em que Moises foi colocado
para flutuar; Isaias 18.2 faz referencia a grandes barcos usados para o
transporte dos enviados a Cuxe). Por causa da escassez de madeira, os egípcios
faziam botes ou jangadas de papiro. Eles amarravam os juncos e usavam piche
para toma-los impermeáveis. Também eram usados para a caça e a pesca nos
pântanos e nas balsas que atravessavam os canais”.
“O papel era
feito depois que o cerne da planta era extraído e cortado em tiras finas,
colocadas lado a lado. Em seguida, colocavam sobre elas outra serie de tiras
formando ângulos retos que eram, então, coladas por meio de um adesivo e alguma
forma de pressão. Como as partes laterais tinham tiras horizontais (o recto),
geralmente elas eram as primeiras a receber a escrita; o lado avesso, com
tiras verticais era o verso da escrita. Essas folhas, coladas uma a uma,
formavam rolos de papiro de diferentes comprimentos. O padrão era de 20 folhas.
O papiro egípcio “Harris I” (aprox. 1160 a.C.), que esta no Museu Britanico, é
o mais longo que se conhece até o momento, com 44 metros de comprimento. A
altura variava entre um mínimo de 18 centímetros (ou menos) ate um máximo de 47
centímetros. Geralmente, um rolo de papiro tinha o comprimento suficiente para
que uma composição completa, como um livro da Bíblia pudesse ser escrito sobre
ele”.
“Os mais
antigos manuscritos foram escritos em papiro, e era difícil a preservação de
qualquer um desses papiros, exceto em regiões secas, como as áreas desérticas
do Egito, ou em cavernas semelhantes às de Qumran, onde foram achados os rolos
do mar Morto.”
Segundo
Kirsopp Lake, é possível concluir que o fato de não termos os manuscritos
originais de papiro deve-se ao fato de que “os escribas geralmente destruíam
seus exemplares após copiarem os Livros Sagrados”.
b)_ Pergaminho
“Essa
palavra designa „peles preparadas de ovelhas, cabras, antílopes e outros
animais‟. Essas peles eram „tosadas e raspadas‟ a fim de se obter um material
mais durável para a escrita. „pergaminho' tem origem no nome da cidade de
Pérgamo, na Ásia Menor, pois a produção desse material para escrita esteve,
numa certa época, especialmente associada ao local".
“O uso de
peles curtidas remonta ao terceiro milênio a.C. no Egito. Peles de cabras e
ovelhas eram mais resistentes que o papiro, e talvez mais disponíveis para os
israelitas. [..] O pergaminho, uma pele de animal melhor preparada e mais lisa,
começou a substituir o couro por volta de 200 a.C.”
O papiro e o
pergaminho foram os principais materiais usados para a preparação dos
manuscritos bíblicos. Porém, outros materiais também são citados na escrita:
1.2_ Outros materiais usados na escrita
a)_ Velino
“Era o nome
dado à pele de filhotes de diversos animais. Frequentemente o Velino era atingido de púrpura. Alguns dos
manuscritos que temos hoje em dia são velino cor de púrpura. Geralmente os caracteres
escritos sobre o velino purpúreo eram prateados ou dourados.”
b)_ Ôstraco
“Fragmento
de cerâmica não-esmaltada, bastante usado entre o povo em geral. Esses
fragmentos têm sido encontrados em abundância no Egito e na Palestina (Jó
2:8).”
c)_ Pedras
“Que eram
escritas com caneta de ferro”
d)_ Tabletes de Argila
“Inscritos
com um instrumento pontiagudo e, então, secados a fim de se ter um registro
definitivo (Jeremias 17:13; Ezequiel 4:1). Eram os mais baratos e um dos mais
duráveis materiais para escrita.”
e)_ Tabletes de Cera
“Um estilete
de metal era usado para escrever num pedaço plano de madeira recoberto com cera.”
1.3_ Instrumentos para a escrita
O Papiro, o
Pergaminho, o Velino, o Ôstraco, Pedras, Tabletes de Argila e Tabletes de Cera
era materiais que recebiam a escrita. Porém que tipos de instrumentos eram
usados para escrever nesses materiais? Vejamos os instrumentos usados para a
escrita:
a)_ Cinzel
“Um
instrumento de ferro para entalhar as pedras.”
b)_ Estilete de metal
"Usava-se
o estilete, um instrumento triangular com uma cabeça plana, para fazer marcas
nos tabletes de argila e de cera".
c)_ Pena
“Era feita
de "juncos (juncus maritimis). com 15 a 40 centímetros de comprimento,
sendo que uma das extremidades era cortada de modo a produzir o formato de
cinzel achatado, a fim de que se pudesse fazer traços grossos ou finos com as
beiradas largas ou estreitas. A pena de junco esteve em uso na Mesopotâmia
desde o início do primeiro milênio (a.C), sendo que é bem possível que tenha
sido adotada em outros lugares, enquanto que a ideia de uma pena de ave parece
ter vindo dos gregos, no século três a.C." (Jeremias 8:8). A pena era
usada para escrever em velino, pergaminho e papiro. A tinta, geralmente era uma
mistura de „carvão, cola e água‟.”
1.4_ As formas dos livros antigos
Como eram as
formas dos livros antigos. Vejamos:
a)_ Rolos
“Eram folhas
de papiro coladas uma ao lado da outra, formando longas tiras, e, então,
enroladas num bastão. O tamanho do rolo era limitado por causa da dificuldade
de seu uso. Geralmente se escrevia só de um lado. Um rolo escrito dos dois
lados tem o nome de "opistógrafo" (Apocalipse 5:1). Conhecem-se
alguns rolos com 43 metros de comprimento, mas em geral, os rolos tinham entre
seis e dez metros.”
b)_ Códice ou Livro
“A fim de
tornar a leitura mais fácil e menos desajeitada, as folhas de papiro foram
montadas em forma de livro, sendo escritas em ambos os lados. Greenlee afirma
que o cristianismo foi o principal motivo para o desenvolvimento de formato do
códice, ou volume manuscrito antigo.”
1.5_ Tipos de escrita
Vejamos os
tipos de escrita usadas para gravar nesses materiais:
a)_ Escrita Uncial (Maiúsculas)
“Letras
maiúsculas deliberadas e cuidadosamente desenhadas, próprias para livros. Os
códices Vaticano e Sinaítico são manuscritos unciais.”
b)_ Escrita Cursiva (Minúsculas)
‟Uma escrita
de letras menores, cursivas... criadas com vistas à produção de livros‟. A
mudança de unciais para minúsculas teve início no século nove.”
Observações:
·
“Os manuscritos gregos eram escritos sem
quaisquer espaços entre as palavras. Até 900 AD. o hebraico era escrito sem
vogais, quando os massoretas introduziram a vocalização.”
·
“Os escritos originais, autênticos, saídos da
mão de um profeta ou apóstolo, ou de um secretário ou amanuense, sempre sob a
direção do homem de Deus, eram chamados autógrafos. Esses não existem
mais.”
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
GEISLER,
Norman. NIX, William. Introdução Bíblica:
Como a Bíblia Chegou até Nós. São Paulo: Vida. 1997.
GILBERTO,
Antonio. A Bíblia Através dos Séculos.
15Ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2004.
PFEIFFER,
Charles F. VOS, Howard F. REA, John. Dicionário
Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD. 2007.
TOGNINI,
Éneas. BENTES, João Marques. Janelas Para
o Novo Testamento. São Paulo: Hagnos. 2009.
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