O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

1 de outubro de 2013

Alguns testes pelos quais nossa adoração deve ser provada

ALGUNS TESTES PELOS QUAIS NOSSA ADORAÇÃO DEVE SER PROVADA
 
J. C. Ryle
 
Este é um assunto de grande importância, e todo cristão deveria encará-lo com honestidade. Há muitos que são capazes de esclarecer as dificuldades envolvidas neste assunto por referirem-se aos seus próprios sentimentos. Eles nos dirão que não são teólogos e não pretendem compreender a diferença entre uma e outra escola de teologia, mas sabem que a adoração da qual participam os faz sentir-se tão bem, que não podem ter dúvida de que seja correta. Não estou disposto a deixar que tais pessoas se afastem facilmente do assunto deste livro. Não posso esquecer que os sentimentos religiosos são bastante enganosos. Existe uma empolgação natural produzida em algumas mentes por ouvirem música espiritual e assistirem a espetáculos religiosos, mas essa empolgação não é verdadeira devoção. Essa empolgação é forte é contagiante enquanto dura; mas logo vem e logo se vai. É apenas uma influência sensitiva natural que até um romanista pode sentir ocasionalmente, mas, apesar disso, ele continua romanista tanto em doutrina como em prática.
 
1. A verdadeira adoração espiritual afetará o coração e a consciência do homem.
 
Ela o fará sentir mais agudamente a malignidade do pecado e sua própria corrupção. Aprofundará a sua humildade e o tornará mais dedicado e cuidadoso em relação à sua vida espiritual. A falsa adoração pública, à semelhança de tomar uma dose de uísque ou de mascar ópio, produzirá impressões mais fracas a cada ano. A verdadeira adoração, como um alimento saudável, fortalecerá aquele que dela participa e o fará crescer interiormente a cada ano.
 
2. A verdadeira adoração espiritual atrairá o homem à comunhão mais íntima com o Senhor
Jesus Cristo.
 
Ela o elevará acima de igrejas, ministros e ordenanças. Ela o tornará sedento e faminto por uma contemplação do Rei. Quanto mais ele ouve, lê, ora e louva, tanto mais ele sente que nada alimenta a sua alma, exceto o próprio Cristo, e que a comunhão sincera com Ele é "verdadeira comida e verdadeira bebida". No tempo da necessidade, o falso adorador se voltará aos auxílios externos, aos ministros, às ordenanças, aos sacramentos. O verdadeiro adorador se voltará instintivamente para Cristo, pela fé, assim como a agulha da bússola se volve para o polo.
 
3. A verdadeira adoração espiritual ampliará continuamente o conhecimento espiritual do homem.
 
Proporcionará vigor, consistência, significado e firmeza ao seu cristianismo. Um verdadeiro adorador saberá, a cada ano, mais a respeito do ego, de Deus, do céu, das obrigações, da doutrina, da prática e da experiência. O seu cristianismo é algo vivo e crescerá. O falso adorador nunca irá além dos velhos princípios e elementos carnais de sua teologia. Todo ano, ele andará em círculos, como um cavalo num moinho, e, apesar de muito trabalho, nunca avançará. O seu cristianismo é morto, não pode crescer e multiplicar.
 
4. A verdadeira adoração espiritual aumentará continuamente a santidade na vida do
homem.
 
Ela o tornará cada vez mais vigilante de sua língua, temperamento, tempo e comportamento em todas as relações da vida. A consciência do verdadeiro adorador se torna mais sensível ano a ano. A consciência do falso adorador se torna mais cauterizada e mais insensível a cada ano. Dê-me a adoração que resistirá ao teste do grande princípio delineado por nosso Senhor: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Dê-me a adoração que santifica a vida, faz o homem andar com Deus e deleitar-se na lei de Deus; a adoração que o eleva acima do temor e do amor ao mundo; a adoração que o capacita a exibir algo da imagem e da semelhança de Deus para seu próximo; a adoração que o torna justo, amável, puro, gentil, paciente, humilde, altruísta e moderado. Essa é a adoração que procede do céu, possui o selo e a marca de Deus.
 
Não importa o que os homens gostam de dizer, o grande teste do valor de qualquer adoração é o efeito que ela produz na vida dos adoradores. Um homem pode nos dizer que o ritualismo é a melhor e mais perfeita maneira de adorar a Deus. Ele talvez despreze o culto simples das congregações evangélicas. Talvez exalte a excelência dos adornos, da decoração e da pompa em nosso culto a Deus. Contudo, devo dizer-lhe que os verdadeiros cristãos provarão o seu sistema de adoração por meio dos frutos. Visto que os adoradores ritualistas podem volver-se de celebrações e comunhão matutinas para óperas e corridas; que podem oscilar entre o confessionário e o salão de bailes, os defensores do ritualismo não devem ficar surpresos se pensamos que a adoração ritualista tem pouco valor. Ouçamos a conclusão de todo este assunto. A melhor adoração pública é aquela que produz o melhor cristianismo pessoal. Os melhores cultos da igreja para a sua congregação são aqueles que tornam os seus membros mais santos no lar e na vida particular. Se quisermos saber se a nossa adoração pública está nos fazendo bem, devemos prová-la por meio desses testes. Ela vivifica a nossa consciência? Ela nos conduz a Cristo? Aprimora o nosso conhecimento? Santifica a nossa vida? Se ela faz tudo isso, podemos confiar nela, É uma adoração que não nos deixa envergonhados.
 
Esta chegando o dia em que haverá uma congregação que jamais será desfeita, um dia de descanso que nunca terminará, um cântico de louvor que jamais cessará e uma assembleia que nunca será dispersa, Nessa assembleia, estarão todos aqueles que adoraram a Deus “em espírito” na terra. Se somos esses adoradores, estaremos lá. Aqui, adoramos frequentemente a Deus com um profundo senso de fraqueza, corrupção e imperfeição, Lá, seremos capazes, com um corpo renovado, de servi-Ia sem fadiga e atendê-la sem distrações.
 
Aqui, em nosso melhor, vemos com obscuridade, como por espelho, e conhecemos o Senhor Jesus imperfeitamente. Sentimos tristeza porque não o conhecemos melhor e não o amamos mais, Lá, estando libertos de toda a impureza e contaminação do pecado remanescente, veremos a Jesus como temos sido visto e conheceremos como somos conhecidos, Com certeza, se a fé tem sido agradável e nos tem dado paz, a contemplação pessoal será muito melhor. Aqui, muitas vezes achamos difícil adorar a Deus com regozijo por causa das tristezas e cuidados deste mundo. Lágrimas devido à perda daqueles que amávamos tornam constantemente árduo o cantar louvores, Esperanças frustradas e tristezas familiares têm-nos feito, algumas vezes, pendurar nossas harpas nos salgueiros. Lá, toda lágrima será enxugada, todo santo que morreu em Cristo nos verá novamente, e todas as coisas difíceis da jornada de nossa vida se tornarão claras e nítidas como o sol ao meio-dia. Aqui, sentimos que estamos comparativamente sozinhos e que até na casa de Deus os verdadeiros adoradores espirituais são poucos. Lá, veremos toda a multidão de irmãos e irmãs que nenhum homem pode enumerar; e todos eles terão uma só mente, um só coração e estarão livres de toda mancha, fraqueza e imperfeição, regozijando-se todos no mesmo Salvador e prontos para passarem a eternidade em seu louvor. No céu teremos muitos companheiros de adoração.
 
Tendo esperanças como essas, ergamos os nossos corações e olhemos adiante! O tempo é curto. A noite está avançada. O dia está chegando. Adoremos, oremos, louvemos, leiamos. Batalhemos diligentemente pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos, resistindo com coragem todos os esforços para destruir a adoração espiritual. Esforcemo-nos, com zelo, para deixar a luz da adoração evangélica como herança para os filhos de nossos filhos. E, brevemente, aquele que vem virá e não tardará. Benditos serão aqueles, somente aqueles, que forem reconhecidos, naquele dia, como verdadeiros adoradores, os quais adoram a Deus “em espírito e em verdade”!
 
RYLE, J. C. Adoração: Prioridade, Princípios e Prática. São José dos Campos: Fiel. 2010. P. 18-20)