DIRETRIZES GERAIS SOBRE ELEIÇÕES E VOTAÇÃO
Provérbios 11.14
Pr.
Gilson Soares dos Santos
14 Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de
conselheiros há segurança.
Para encerrarmos nossa série
de estudos sobre o cristão, a política e as eleições, traremos agora algumas
diretrizes gerais sobre eleições e votação.
1_ Não confunda
política com campanha eleitoral
Quando começa a campanha eleitoral, é comum
ouvirmos as pessoas dizendo: “começou a política”. Essa frase está errada, pois
política acontece todo tempo. Embora a campanha eleitoral esteja dentro da
política não devemos confundir.
Campanha eleitoral é o período em que os partidos e seus candidatos se
apresentam para os eleitores em busca de votos.
Vejo crentes que passam os quatro anos sem falar de política, sem fazer
qualquer exigência aos seus representantes, sem fazer nenhuma cobrança àqueles
nos quais votaram, sem combater as injustiças sociais. Porém, quando começa a campanha eleitoral se
entregam, sem reservas, vestindo a camisa de candidatos, carregando suas
bandeiras, adesivando seus carros, pulando em passeatas, carreatas e comícios.
Insultando adversários políticos, levantando falsos testemunhos, mentindo. Trocando
os cultos pelos comícios. Fazendo a maior tietagem com candidatos, sempre sob a
alegação de que “crente deve participar da política”. Minha pergunta é: por que
não participou durante três anos e 10 meses? Por que só participar agora?
É
bom que façamos essa distinção, pois política é muito maior que a campanha
eleitoral que, na maioria das vezes, serve apenas para difamações, calúnias,
falsos testemunhos e brigas de interesses pessoais.
Não
é que seja errado o crente participar da campanha eleitoral, porém, existe como
fazer isto sem escandalizar, mantendo-se como “sal da terra e luz do mudo”.
2_ Vote com
consciência
Quando falamos em votar com consciência, queremos dizer o seguinte:
a)_ Não venda seu voto
Não
vote em candidato ruim em troca de favores. Não aceite benefícios pessoais para
dar seu voto ou angariar votos para candidatos que, já sabemos, não têm
compromisso com a política certa e que beneficiarão uma minoria em detrimento
da maioria. Candidatos que já exerceram mandato e comprovaram suas maldades.
Também não vote em candidato que, mesmo não tendo exercido algum mandato, já
dão provas que serão péssimos representantes do povo. Jamais venda seu voto, nem por dinheiro nem por favores. Alguém já disse que "voto não tem preço, tem consequências". Por isso, use sua consciência de cristão: jamais venda seu voto.
b)_ Não vote em candidatos ou partidos com
princípios anticristãos
O
verdadeiro crente não vota nem se filia a partidos que são contra a família e
contra os princípios cristãos. Também não vota em candidatos que pregam contra
a família, mantendo atitudes anticristãs. Mesmo que esses candidatos tenham
propostas de ajuda aos pobres, pois de nada adianta tirar os pobres da situação
de pobreza e em seguida acabar com seus valores morais e com suas famílias.
Transcrevo aqui a orientação que nos traz Uziel Santana em seu livro “Um
Cristão do Direito num País Torto”, a respeito de votar em partidos com
programa de governo fechado:
Analisando o programa
partidário, os projetos de governos e as resoluções das executivas nacionais
dos principais partidos que disputam estas eleições, podemos, afirmar, in claris, que: se sou cristão e
democrata, contrário, então, a políticas públicas abortistas, pró-cultura
homossexual, de desvalorização da família natural, de cerceamento das
liberdades civis fundamentais (como liberdade de expressão, liberdade
religiosa, liberdade de comunicação e imprensa, etc), não posso votar em
partidos de programas fechados. [...] porque, além de serem agremiações
partidárias que promovem valores anticristãos, segundo estabelecido nos seus
Estatutos, nos seus Programas de Governo e nas Resoluções das suas respectivas
Executivas Nacionais, sob pena de consequente expulsão dos quadros partidários,
todos os políticos membros desses partidos devem atuar, apoiando, promovendo e
votando as políticas e ideologias partidárias, não importando a liberdade de
consciência dos mandatários eleitos..
c)_ Dê prioridade a
candidatos verdadeiramente cristãos
Se você conhece um candidato,
verdadeiramente cristão, preparado para a vida publica, é nesse que você deve
votar. É bom lembrar que existem candidatos evangélicos, de bom testemunho,
porém despreparado para assumir um mandato. Por isso, votar com consciência
também exige que vejamos o testemunho e o preparo do nosso irmão.
d)_ Não vote em falsos evangélicos
Na
época de campanha eleitoral surgem muitos candidatos dizendo-se evangélicos,
porém são apenas nominais. Na verdade, têm péssimo testemunho, pregam aquilo
que não vivem e, certamente, se chegarem ao poder contribuíram para
escandalizar o evangelho. Não vote nessas pessoas. A Bíblia traz uma séria
orientação a esse respeito em I
Coríntios 5.11
11 Mas,
agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for
impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com
esse tal, nem ainda comais.
e)_ Pode votar em candidato não
evangélico
Sabemos que existem candidatos que não são evangélicos, porem tem
princípios que são apoiados pelas Sagradas Escrituras. Existem candidatos que,
embora não sendo evangélicos, têm moral ilibada, zelam pelos valores da
família, defendem uma sociedade com liberdade religiosa, etc. A Bíblia nos
mostra reis que, mesmo não sendo crentes, exercitaram a boa política.
Em
defesa dessa posição, Wayne Grudem escreve:
Deus usou a Faraó, o rei do
Egito, para elevar José a um cargo de autoridade sobre todo o país, de modo que
ele pôde salvar seu povo da fome (Gn 41.37-57). Deus usou Nabucodonosor, rei da
Babilônia, para proteger Daniel e seus amigos judeus e elevá-los a cargos de
grande autoridade na Babilônia (Dn 2.46-49). Deus usou Ciro, rei da Pérsia,
para levar os exilados judeus à sua terra natal (Ed 6.1-12). Deus usou Xerxes,
rei da Pérsia, para elevar Ester à posição de rainha e dar a Mordecai grande
autoridade e honra em seu reino (Et 6.10,11; 8.1,2,7-15).
f)_ Vote em candidato que você
conheça e que seja acessível
De
preferência, vote em candidato que você conheça e que você tenha acesso para
fazer-lhe as cobranças necessárias quando ele estiver no mandato. Afinal de
contas, eles estão nos representando. Por isso precisamos saber como
contatá-los a fim de cobrarmos que estejam agindo como verdadeiros
representantes do povo. Candidato que, após ganhar as eleições, some e
reaparece quatro anos depois, certamente não merece nosso voto, pois
representante do povo deve estar junto ao povo. Observe esse detalhe.
g)_ Não anule o voto nem vote em branco
Quando não votamos, anulamos o voto ou
votamos em branco, podemos cair no axioma do filósofo Edmund Burke: “Para o triunfo do mal só é preciso que os
bons homens não façam nada”. Tiago também deu o alerta: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o
faz, comete pecado” (Tg 4.17). Por isso vote. Não anule seu voto, não vote
em branco.
3_ Ore antes de votar
Sabemos que
muita gente já tem seus candidatos certos. Sendo assim, muitos não oram antes
de votar. Porém é preciso orar com sinceridade diante de Deus, pedindo
orientação divina. A fim de votarmos certos. Orar antes de votar é semelhante à
orientação de Jeremias aos cativos, conforme registrado em Jeremias 29.7:
7 Procurai
a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua
paz vós tereis paz..
Assim como devemos orar pela prosperidade da cidade onde moramos, da
mesma forma, devemos orar antes de votar naqueles que governarão em nossa
cidade, em nosso estado ou no nosso país, a fim de que possamos ver a paz do
lugar onde moramos.